Soltar o texto
aballes
Por Úrsula Passos, trainee da turma 55 e “redapórter” da Ilustrada
Desde que me inscrevi pela primeira vez para a seleção do Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha, eu queria trabalhar no caderno Ilustrada. Após os quatro meses do trainee, já me empolgaria com outros cadernos, como os semanais Comida, Turismo e a revista sãopaulo. Mas o grande dia chegou e estou finalmente na Ilustrada, o caderno dos sonhos de quem é louco por cultura.
Como redapórter –mistura de redatora com repórter–, além de fazer matérias, também participo do fechamento das edições. A cada dia agarramos os textos de outros jornalistas e encaixamos no espaço destinado a ele, fazemos caber um título atraente e uma linha-fina interessante. Por vezes até, um trecho do texto deve ser escolhido para ter destaque no olho e uma lupinha antecede o lide. Tudo isso, é claro, acontece muito rápido.
Além disso, há também a responsabilidade de “cuidar” de textos de colunistas e críticos. Será que ele vai ficar bravo se eu cortar essa linha para caber aqui no espaço? Será que esse título é fiel ao texto? Devo dar uma ligadinha e pedir para ele aumentar/diminuir o texto? Ai ai dor no coração!
Mas a mesma coisa acontece com seu texto nas mãos de outras pessoas? Sim! E é duro o momento de deixar seu texto ir. Você escreve, coloca no espaço às vezes, corta ali, corta aqui, começa a pensar no melhor título para o seu texto e aí alguém grita: “solta esse texto”. Aí você deixa ele ir. Uma outra pessoa vai colocar aquele título atraente, aquela linha-fina interessante e no dia seguinte você vai perceber que está bem bom o resultado.