Fins são começos

Paula Leite

Por Dhiego Maia, trainee de Ciência e Saúde

De forma randômica [expressão usual do ambiente científico que significa escolha aleatória] fui escalado para escrever uma última impressão do 1º Treinamento em Ciência e Saúde da Folha. Como sou um otimista incorrigível, aviso que não posso ser levado muito a sério.

Neste um mês de imersão em uma área tão específica, não tomei nenhuma medida profilática. Corri riscos! Não segui nenhuma “bula” de outrora, desfiz conceitos cristalizados, amadureci outros e no final, chego curado de mim mesmo. O remédio fez efeito.

Efeitos colaterais? Vários. Nunca mais serei o Dhiego de um mês atrás e nem mesmo o de hoje. O futuro é tão incerto quanto o jornalismo. Entre a segurança e a estabilidade prefiro percorrer a “corda bamba” da incerteza para viver o melhor e o pior de uma oportunidade.

Oportunidade de ter aprendido com Cláudia Collucci a detectar com “lupa” possíveis conflitos éticos que se apresentam disfarçados de “coisa boa”, mas que são um perigo para o leitor. Oportunidade de conhecer um infectologista que abraçou a luta contra a Aids no Brasil como uma causa de vida e nela desfez preconceitos. Valeu, Dr. Caio Rosenthal.

Aprendi com Sabine Righetti que dividir conhecimento é uma demonstração de sabedoria. Valeu pelas dicas preciosas de apuração em ciência. O contato com um dos nomes mais importantes da neurociência no Brasil foi um ápice do treinamento. Apesar de tantos avanços, para Suzana Herculano-Houzel, o cérebro humano continua sendo uma caixa-preta.

E o doutor Julio Abramczyk. A lenda do jornalismo científico no Brasil deu uma aula de jornalismo com a própria vida. Perguntei a ele o que ainda o mantinha na profissão após longos 50 anos de carreira. Ele respondeu: “continuar em atividade”.

Aprender foi o verbo conjugado não apenas com os “experts” da ciência, mas também com meus pares. Convivi com sotaques de diversos cantos do país e muitas histórias. Muito obrigado por tudo, meus [novos] amigos. Somos fortes!

Fins são começos. Ferreira Gullar ensina: “Caminhos não há, mas os pés na grama os inventarão”.