Você escreve bem?
Por Rafael Tatemoto, trainee da 55ª turma
No curso no qual me graduei, direito, dez de cada dez estudantes escutaram que deveriam fazer o curso porque “escreviam bem e gostavam de ler.”
O segundo atributo é universal. Os apreciadores dos livros, apesar das preferências, normalmente são tipos democráticos e leem tudo: os bons, os ruins e até aqueles que, de tão ruins, chegam a ser bons. Quanto a “escrever bem”, a história é outra. Como quase tudo na vida, significa muitas coisas, às vezes opostas.
Na escola, são considerados “bons escritores” aqueles que não cometem (muitos) erros (grosseiros) de português e conseguem fazer redações com começo, meio e fim.
No direito, escreve bem quem consegue inverter frases e usar palavras que fazem 90% das pessoas correrem aos dicionários -se for em latim, melhor ainda.
Ou seja, a habilidade de comunicar por meio da escrita depende de cada contexto. Basta imaginar o que seria James Joyce trabalhando como repórter. Uma das minhas primeiras lições no Programa de Treinamento foi que, em jornalismo, escrever bem era o contrário daquilo em que eu havia sido treinado durante a faculdade: é necessário ser breve e claro. Espero ter sido os dois.
Ouvi uma vez algo que talvez seja um lugar comum: escrever difícil é fácil, difícil é escrever fácil.
Considero Graciliano e Otto Lara Rezende dois grandes escritores que sempre escreveram fácil.