A biografia póstuma de cada dia
Por Giulia Lanzuolo, trainee da turma 55
Na primeira atividade do Programa de Treinamento, cada membro da turma 55 matou uma pessoa. Calma, nenhum de nós é assassino. A primeira conversa que tivemos foi com Estêvão Bertoni, obituarista da Folha. Ele faz textos diários para Cotidiano, contando brevemente a história de alguém que morreu naqueles dias.
Depois de aprender com o repórter, redigimos obituários sobre pessoas conhecidas. Resumir uma vida em cerca de 1.500 caracteres é muita responsabilidade. Bertoni disse que a maioria da apuração é feita com telefonemas e pesquisas on-line. Algumas vezes é preciso ir aos velórios, fazer entrevistas ao vivo. Imagino que seja complicado. Mais difícil ainda deve ser lidar com a ética que isso envolve. Como é escrever sobre alguém que não pode contestar seu texto?
Quando Alessandra Balles, editora de Treinamento, devolveu o meu, ele estava todo canetado. Cada observação em vermelho serve como uma lição do que não deve se repetir na Redação.
A morte é o cotidiano de Bertoni. De acordo com ele, muitos personagens aparecem no jornal por indicação de familiares. Outros ele encontra depois de ler e-mails do Google Alerts, enviados toda vez que uma notícia com a palavra “morre” é publicada. Assim ele começa seu dia.
Muito bem Guilia! e que venham cada vez menos canetadas