Os 12

rbotelho

Por Cesar Soto, trainee da turma 55

O lado humano sempre foi uma das coisas que mais me atraíram no jornalismo. Essa era a minha principal motivação para estar ali, um palmeirense em plena quadra da Gaviões da Fiel, ouvindo os relatos das famílias de 9 dos 12 corintianos presos na Bolívia. Era noite de uma sexta-feira, dia 8, e ela não seria de descanso.

Por mais sorte que juízo, tal oportunidade me caiu no colo ainda na noite anterior, antes mesmo de começar o programa de trainees. “Você pode dizer não, se quiser”, afirmou Alessandra Balles, editora de Treinamento, antes de mais nada, o que foi suficiente para me apavorar. Na verdade, ela perguntava se eu estaria interessado em ajudar Morris Kachani, repórter especial da Folha, a entrevistar mais de 15 pessoas ao mesmo tempo.

A ideia da reunião havia sido dele, ao perceber que ninguém contara até então quem eram aqueles torcedores detidos. Apesar do desafio de ouvir tanta gente, logo se tornou claro que, unidos, eles se sentiam mais à vontade para falar com uma imprensa da qual tanto desconfiavam.

Conseguimos ótimas confissões, como a da mãe que ainda não contara ao filho de quatro anos que o pai estava preso. Outras não entraram na reportagem por simples falta de espaço, como a do jovem que sonhava ser papiloscopista (especialista em identificação humana principalmente por meio de digitais).

Após a conversa de mais de uma hora repleta de momentos em que era difícil identificar o que estava sendo dito e por quem, ficamos até as 3h30 da madrugada na Redação. Morris escrevia e eu era responsável por organizar as informações e desabafos. O texto saiu na contracapa do caderno “Esporte” na segunda-feira, dia 12, e a realização maior não foi entregar meu primeiro trabalho para o jornal, mas ter contado uma boa história.