Vida na Redação (5)
Por Rayanne Azevedo, trainee da turma 54
Um escorregão no concreto
Depois que o treinamento acaba e a vida na Redação começa, vem o frio na barriga. Mesmo com todos os plantões, exercícios, conselhos e projetos finais, o início é quase sempre tão suave quanto um escorregão no concreto.
Saímos, eu e outros 11, como filhos recém-paridos. Fui parar em “Cotidiano” graças aos plantões que dei na editoria, junto com Joelmir.
Tínhamos que pensar em pautas para o caderno especial do aniversário de São Paulo, comemorado em 25 de janeiro. À época, nem sequer tínhamos um tema definido.
Penei um pouquinho. A linha do caderno mudou durante uma semana inteira. Pautas caíram. Mas lá pro meio de janeiro estávamos cada qual correndo atrás de alguma história. Eu já não me sentia tão insegura. Pelo contrário, me diverti bastante.
Esses 22 dias que passei entre as ruas de São Paulo e as mesas de “Coti” foi um período intenso de trocas. Aprendi o tempo inteiro. E passei a gostar muito de trabalhar em equipe.
Talvez o momento de maior alegria tenha sido o fechamento. É a hora mais traiçoeira também; depois de reler os mesmos textos 20 vezes, você se torna cego ante os próprios erros. Há muitas minúcias: legendas, títulos, olhos, chapéus, créditos das fotos, detalhes da diagramação. É quando o olhar atento dos colegas faz toda a diferença.
O leitor dificilmente imagina o trabalho que demanda cada página do jornal que ele folheia no dia seguinte. Qualquer detalhe, qualquer linha de texto – tudo é discutido e rediscutido. Ao menos até onde o deadline permitir.
No nosso caso, conseguimos encerrar o trabalho com certa margem de folga: quase três semanas depois, às 2h do dia 24. Quem trabalha no noticiário quente vive tudo isso em um intervalo de menos de 24h. Quem atua no on-line, então…
*Durante a empreitada, encontramos histórias legais e curiosidades sobre São Paulo: do artesão que fabrica instrumentos da Idade Média ao caso da Rita Lee, que, quando jovem, quase jogou LSD na caixa d’água do bairro. Você encontra tudo aqui e aqui.
Parabéns pelo texto e sucesso, Rayanne.
Oi, Luiz. Obrigada 🙂
Abraço,