Vida na Redação (4)
Por Rafael Andery, trainee da turma 54
Desde o começo de janeiro trabalho como plantonista no caderno de Esporte. Faço a cobertura das competições esportivas que acontecem no fim de semana, o horário nobre do esporte nacional e estrangeiro.
As notícias que cubro são, por isso, pré-agendadas. Sei o horário em que começam e terminam todos os jogos, corridas e partidas que a editoria deve relatar. O inesperado quase sempre acontece dentro de uma margem temporal confortável e previamente estabelecida.
Tudo muito simples e controlado, à primeira vista, mas extremamente agitado e corrido quando visto de dentro. Muitos jogos do Campeonato Paulista, por exemplo, começam às 19:30. O horário de fechamento do caderno sempre está marcado para as 21:45. O redator tem, portanto, aproximadamente 15 minutos para escrever a reportagem sobre o jogo após o seu término.
Evidentemente, a matéria vai sendo escrita ao longo do desenrolar das partidas. Mas o que fazer quando o Palmeiras empata com o XV de Piracicaba aos 47 minutos do segundo tempo? Todo aquele texto que descrevia uma derrota vergonhosa do clube alviverde deve ser reescrito para relatar um empate heroico (ainda que ruim), conquistado nos últimos instantes do jogo.
Título, introdução, desfecho, enfim, tudo precisa ser mudado. O tempo é exíguo, e, acredite, 15 minutos significam 15 minutos, jamais 17 ou 18.
A editoria de Esporte vive em relativa tranquilidade até as 21:30. Nos seus últimos 15 minutos, entretanto, vemos repórteres, redatores e diagramadores tão esbaforidos quanto os atletas das pelejas que relatam. E sem os salários milionários!