O registro de uma calamidade

Cristina Moreno de Castro

E quando você vê alguém se humilhando, numa cena triste e angustiante, e tem que bloquear o susto da mente e, com frieza, registrar tudo o que está acontecendo? Você sabe que é importante agir de forma profissional, porque a repercussão daquela foto pode trazer consequências muito mais importantes do que alguma ação residual e emotivo de uma pessoa. Esse tipo de angústia é ainda mais comum aos fotógrafos e não é rara em situações de calamidade ou de guerra.

DANILO VERPA, repórter-fotográfico da Folha, registrou um desses momentos, na foto abaixo:

Na ótima seção “Histórias por trás da câmera“, do Facebook da Folha Fotografia, Danilo conta como foi aquele dia de trabalho:

“Depois de 15 minutos percorrendo as ruas enlameadas, vi uma movimentação de cerca de 20 pessoas se espremendo em um pequeno portão. Havia diversos alimentos jogados no chão e as pessoas se amontoavam para tentar pegar os restos de enlatados, caixas de leite, pacotes de bolacha e outros produtos cobertos por lama que haviam sido varridos pelos funcionários do mercado.

O cheiro de lodo misturado com comida estragada era horrível. Entrei pela porta estreita e comecei a registrar o desespero e a humilhação daquelas pessoas. Todos estavam sujos de lama. Foram 10 minutos de fotos até que todos os alimentos se acabassem. Do lado de fora, outras pessoas ainda tentavam encontrar o resto do resto.”

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