Renovação X Experiência

Cristina Moreno de Castro

O leitor Marcelo nos enviou a seguinte reflexão/dúvida:

“Sou recém formado em jornalismo e trabalho em um grupo de mídia do Brasil. Moro em Belo Horizonte e a presença desse grupo na cidade é bem forte e marcante através de jornais impressos, revistas e uma emissora de TV. Até aí, tudo bem. O que me incomoda é a grande quantidade de pessoas idosas que ainda trabalham na empresa. Sei que o bom jornalista não tem prazo de validade, mas creio que uma renovação deveria ser feita. Sou produtor de um programa de TV comandado por essas pessoas mais experientes e sempre vejo minhas ideias e de outros colegas de trabalho serem barradas porque os nossos chefes as consideram “ousadas” ou “pouco convencionais”. Acredito que a linha editorial e o estilo de exibição de conteúdo adotado por eles já é ultrapassado. Novas propostas e conceitos já deveriam ser aplicados, porém, nada acontece. Queria saber se esse fator da “idade avançada” também existe em outros grupos de comunicação e até que ponto isso é benéfico para os profissionais e o público?

Como haverá uma renovação se as pessoas mais velhas não abrem espaço para a entrada dos mais jovens?”

Depois coloco aqui a resposta que dei para ele. E vocês, o que acham?

Comentários

  1. Eu acho que experiência é extremamente importante. Por mais que o jovem seja talentoso, inteligente, criativo etc, na minha opinião, ainda faltam características fundamentais que os anos e várias situações profissionais e pessoais trazem. Eu não acho, de um modo geral, que faltem entusiasmo ou entendimento de quem está a mais tempo na profissão. O que ocasionalmente podemos interpretar como algo engessado pode ser simplesmente uma fórmula que dá certo, e a experiência mostra isso aos profissionais (e quem é jovem não consegue perceber muito…).
    Mudar o mundo só é possível quando o mundo está preparado para a mudança, e a sabedoria de pessoas que já viveram mais indica esta realidade =).
    Acho que muitas ideias de jovens são barradas porque a experiência não os permite alicerçá-las em um terreno sólido…
    Fiquei aqui imaginando se fossem os “idosos” escrevendo para o blog. Eu gostaria de ler a opinião deles… devem achar os jovens uns chatos que dão palpite sem saber (fora que os coitados estão sempre tendo que ensinar alguma coisa, orientar e até explicar situações que para eles são óbvias rs)
    Ah! Não estou defendendo a minha própria causa, tenho 24 anos e menos de dois anos de experiência no jornalismo =P

    1. Vim aqui complementar o que falei e vi um erro terrível na minha postagem =(. Prova viva de que, às vezes, jovem “se acha” sem razão kkkkkkkk. Eu que considero que tenho uma boa escrita, vou lá e faço isso =/ aff rs

      1. Pronto, fui usar o método de verificar como a Folha escreve palavra/expressão e achei o mesmo “erro” que o meu em matéria 0.o.

  2. Quando a gente é novo, tem vontade de mudar o mundo. Com o tempo percebemos que por mais que façamos, nunca mudaremos o mundo. Então, é melhor sentar e observar, ninguém ensina mais que os mais experientes.

  3. Eu acredito que vale a pena sugerir ideias com educação e tentar unir o novo com o tradicional, porém, é preciso levar em conta a experiência dos seus colegas de trabalho. Se eles estão até hoje na empresa é porque são ótimos profissionais. Se fosse você, eu iria “grudar” nesses profissionais experientes para aprender muito mais sobre a prática da profissão e checar com eles sobre as minhas ideias. Pessoas que são velhas de carreira sabem os passos que tomam e você tem muito a aprender com eles.
    Boa sorte!

  4. Acredito que os melhores resultados são aqueles em que há harmonia entre os mais velhos e os mais novos.

    Isso vale para times de futebol, centros de pesquisas médicas e salas de cirurgia, grandes empresas, Redações de jornal e relações humanas.

    Eventualmente, os mais velhos talvez não tenham conhecimento técnico para determinadas situações, mas eles têm algo que os mais novos ainda não alcançaram: a experiência e o conhecimento de causa.

    Aliás, se somos recém-formados, é porque fomos instruídos por professores – mais velhos.

  5. Mais humildade, xará. Sendo recém-formado, por melhores que sejam suas ideias você ainda tem muito a aprender com os colegas mais experientes. Todos nós temos.

    Quando eu era estudante, trabalhei num jornal também cheio de gente experiente. Foi uma grande escola, e às vezes eu sentia que aprendia mais no bar com eles do que na faculdade. Sempre que eu visito a cidade, faço questão de reencontrar um ou alguns, mesmo 18 anos depois. Sempre, SEMPRE, aprendo alguma coisa.

    Converse mais com eles, peça que eles leiam e opinem sobre o material que você produz. Vá tomar uma cerveja com eles de vez em quando, deixe eles abrirem um botão da camisa e contar causos antigos.

    Isso tem um efeito colateral importante: estabelece uma relação de confiança mútua. Se eles te conhecem, é mais fácil ouvirem com atenção o que você tem a dizer. Se você os ouve, sabe melhor como “vender” suas pautas para que eles entendam.

    Ninguém dirá melhor a importância dos “cabeças-brancas” no convívio com profissionais mais jovens do que o meu experiente mestre Luiz Caversan, uma dessas grandes cabeças que sempre vale a pena ouvir:

    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizcaversan/1085847-os-cabecas-brancas.shtml

    Parafraseando Mr. Catra, espaço não se pede; espaço se conquista. Você não vai ganhar nada de mão beijada. Precisa fazer por merecer.

    1. Bom o texto do Luiz Caversan. Eu sou suspeitíssima neste assunto, porque aprendi 90% de tudo o que sei sobre jornalismo com um “cabeça branca” genial: o meu pai 😀

      1. Claro que dá pra argumentar que eu estou advogando em causa própria: cada dia que passa estou com a cabeça um pouquinho mais branca.

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