A cobertura da madrugada e o caso Eloá

Cristina Moreno de Castro
Eduardo Anizelli/Folhapress

Com quatro meses de atraso, publico hoje um post atendendo ao pedido da leitora Verônica, de Brasília.

Ela se acha muito mais produtiva à noite e, por isso, pediu que postássemos algo sobre o trabalho dos repórteres da madrugada.

Na Folha temos uma repórter plantonista da madrugada, que fica na Redação, e um repórter fotográfico, que fica nas ruas da cidade.

Já falamos aqui sobre o APU GOMES, quando ele era repórter-fotográfico da madrugada e retratava a Cracolândia.

Hoje vou trazer o relato do atual repórter-fotográfico da madrugada, o EDUARDO ANIZELLI, que começou nesse horário em janeiro, em plena operação policial na Cracolândia.

Diz ele:

“Desde então, tenho feito muita coisa enquanto parte da cidade dorme. São casos como acidentes de trânsito, assassinatos, bailes funk, resgates, apreensões feitas pela policia, entre outras pautas já programadas pela redação. Em sua maior parte são assuntos quentes que muitas vezes começam na madrugada e repercutem o dia todo, quando não por dias.”

Mas a história que mais o marcou aconteceu em 2008, quando ele cobria as férias do Apu. Foi o drama do sequestro de Eloá e Naiara, que ele acompanhou por horas a fio, na tensão de esperar pela foto perfeita:

“Lembro-me como se fosse hoje. Eu na Marginal Pinheiros fazendo o rescaldo de um protesto de moradores, quando tocou meu telefone. Era a repórter da Agência Folha na madrugada. Ela disse que precisava ir correndo para Santo André porque um homem estava mantendo refém a namorada e os amigos dela desde o fim da tarde daquele dia. Cheguei no conjunto habitacional onde Eloá Cristina Pimentel morava por volta da 1h da madrugada do dia 14, na madrugada de terça-feira, sem imaginar o que estaria por vir. Quando cheguei, descobri que o sequestrador, Lindemberg, teria soltado alguns amigos e mantido a namorada e uma amiga no apartamento.

Não tinha o que fotografar, então fiz a movimentação dos policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais). A noite passou e nada de Lindemberg se render. O dia clareou e pela manhã liguei para a redação contando a história e pedindo a rendição. Enquanto o fotógrafo que iria me render não chegava dei um jeito de chegar mais próximo da janela onde a menina era mantida refém e fiz fotos dela com o sequestrador, além de sua amiga Naiara com o Lindemberg. Foi quando um policial militar se aproximou de nós pedindo para a gente se afastar, pois Lindemberg estaria nervoso e pedindo para a gente sair de perto. Segundo o policial a gente teria que fazer o que ele queria e, se isso não acontecesse, o sequestrador iria atirar em nós. O policial mal acabou de falar e Lindemberg colocou a arma para fora da janela do banheiro já atirando. Por nossa sorte a distância ainda era longa para conseguir acertar alguém. Virou uma correria danada entre os jornalistas e curiosos que estavam por ali.”

Leiam tudo AQUI. Vale a pena demais, principalmente pelo suspense do final 😉