Futebol, de dentro do estádio
O trainee Aurélio Araújo escreveu sobre uma das atividades que os trainees da Folha fazem, que é acompanhar repórteres que vão cobrir jogos de futebol. Ele explica porque é tão importante ir ao estádio:
“No treinamento da Folha, os trainees que se interessarem podem acompanhar os repórteres da editoria de Esporte na cobertura de jogos de futebol. Eu, como fanático pelo esporte bretão, fui um dos que me candidatei a essa atividade do programa.
Funciona assim: temos que cobrir ao menos um jogo de cada um dos quatro grandes clubes de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos), além de um jogo extra. Esse jogo extra pode ser mais um jogo de um desses clubes, mas os mais criativos optam por cobrir um jogo da Portuguesa, por exemplo.
No entanto, quando eu conto isso para pessoas de fora do treinamento, elas estranham. Perguntam se não é melhor cobrir à distância. Afinal, quem cobre o jogo vendo pela TV tem o artifício do replay, não precisa cronometrar o tempo de jogo e ainda de quebra ouve de cinco em cinco minutos o parecer de algum comentarista famoso (o que nem sempre é uma boa coisa, mas…).
Pois é. Por que ir a campo? Às vezes até eu me pego pensando nisso. Porém, logo em seguida me dou conta: o jornalista deve estar, sempre que possível, onde a notícia está. Se o jogo é em São Paulo (ou em Santos, que, convenhamos, não é muito longe), não há razão para não ir até lá vê-lo de perto. Quem vai ao estádio tem vantagens que quem não vai não tem: só lá de dentro é que é possível sentir a atmosfera da torcida, se ela está fria, exultante, impaciente ou ansiosa. Além disso, a câmera seleciona o seu olhar. Ao vivo, você pode acompanhar cada movimento de um jogador ou de um treinador específico.
Mas a principal vantagem, creio eu, é a seguinte: quando você vai até o local, as pessoas te vêem. Elas começam a conhecer a sua cara e aí, depois de algumas partidas, criam uma relação com você, passam a confiar em você. Quem sabe não nasce dessa relação uma fonte importante dentro do clube? No estádio, circulam dirigentes, conselheiros e até jogadores contundidos dos clubes que podem dar a você um furo de reportagem. Só quem vai ao estádio é que consegue informações exclusivas, sem passar pelo filtro da TV. Isso é jornalismo.
O jogo realmente é mais fácil de acompanhar pela transmissão televisiva. Mas nem sempre o jogo é o mais importante: o que está em volta, às vezes, é o que mais merece a atenção do jornalista.
(Claro, é bom ressaltar: hoje, com a internet, dá para acompanhar lá do estádio mesmo o replay de qualquer lance sobre o qual se tenha alguma dúvida. Ou seja, nem mais essa vantagem é exclusiva de quem vê pela televisão.)”