Jornalismo além das palavras

Paula Leite

Os trainees tiveram recentemente algumas atividades que envolveram outras linguagens dentro do jornalismo, como infográficos e vídeos, além de aulas sobre texto. A Daniela Arai conta como foi:

“Nas duas últimas semanas, participamos de uma série de atividades voltadas para o desenvolvimento de diferentes tipos de linguagem.

Com as aulas de câmera e videorreportagem do Luciano Abe, tivemos noções básicas de fotografia e vídeo. Com  o curso do Fábio Marra e do Mário Kanno (editor e editor-adjunto de arte),  compreendemos que informação gráfica também é informação jornalística e começamos  a encarar o desafio de pensar graficamente as nossas pautas. Por fim, nas oficinas de texto do Fabrício Corsaletti, trabalhamos com aquilo que é a matéria-prima do jornalista: a palavra.

Para além do aprendizado pontual desta ou daquela questão, ou mesmo da discussão de um tema ou outro, o que ficou de mais importante de todas essas atividades, para mim,  foi algo simples de definir e difícil de construir: referências.

Referências são aqueles arquivos que compõem a biblioteca da nossa cabeça. Biblioteca de textos, imagens, sons, sabores que definem não só quem somos e de que gostamos, mas também o que fazemos. Afinal, para reconhecer o que é bom, escolher o que se quer e fazer o que se gosta, é preciso conhecer o que existe.

Não é novidade para ninguém que para tirar boas fotos e produzir bons vídeos, é preciso ver boas fotos e vídeos; para compor bons infográficos, reconhecer o que há de melhor na infografia; e, é claro, para escrever bem, conhecer pelo menos um pouco do que gerações de cultura escrita deixaram para nós.

No entanto, há quem pense que estudar o que outros fizeram é perda de tempo e o melhor é ir fazendo desde já do nosso jeito. Mas, a pergunta é: qual é o nosso jeito? Previsões não faltam, mas só o tempo irá dizer.

Muitos acreditam que a nossa biblioteca já está saturada de determinado tipo de linguagem e que é preciso apostar todas as fichas em outra forma de expressão (alguns dizem que nós, de vinte e poucos anos, nascemos na era da imagem e ignoramos a escrita; outros dizem que viemos de uma cultura escolar que valoriza a escrita e despreza a imagem. A verdade é que somos muito pobres em tudo e essa é a própria  definição de juventude).

Na minha opinião, tudo o que é bom merece um espaço na nossa biblioteca e no nosso jornal. Textos, imagens e vídeos sempre terão um lugar, se forem bons. O importante é trabalhar para que sejam os melhores. Estudar para que o fotógrafo consiga captar ‘o instante decisivo em todos os elementos que se movem ficam em equilíbrio’ (Cartier-Bresson); para que o infografista consiga tornar compreensíveis os números e os fatos; para que o repórter e o redator consigam dar forma escrita a uma realidade. Tudo isso, enfim,  para que  o leitor possa dizer do jornal que chegou à sua casa (no papel,  na tela, no chip cerebral, sei lá ): caramba, isso é bom!”

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