Trainees aprendem com o mestre Talese

Paula Leite

Com certo atraso, publico texto da trainee Carolina de Andrade sobre as lições de Gay Talese, que esteve aqui na Folha recentemente.

No último dia 30 tivermos a oportunidade de assistir a uma palestra do lendário jornalista americano Gay Talese, de 80 anos. Talese é considerado um dos fundadores do ‘new journalism’ ou do que convencionamos chamar de jornalismo literário. Ele nega o título e afirma que sua intenção sempre foi a de contar histórias, tais como as da ficção, mas tratando de pessoas reais. Suas histórias, afirma, são sempre sobre pessoas.

A postura de Talese em relação às suas fontes e entrevistados é admirável e pode servir de exemplo não só para esta aspirante a jornalista que nem começou na carreira ainda, mas para qualquer jornalista (ou qualquer profissional, me arrisco a dizer): para ele, é importante lembrar que as palavras ditas pelos entrevistados não são a experiência completa do que eles estão relatando. Há muito o que se saber além do que está na superfície; há muitas coisas que são ditas nas pausas e nas omissões e é preciso ter sensibilidade para perceber quando é melhor não perguntar.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a relação de Talese com as histórias sobre as quais escreve. Para ele, o ponto final do texto nunca é o fim: o que acontece depois que o jornalista vai embora pode até ser mais interessante do que a história original. Sempre vale a pena voltar para dar uma olhadinha no que está acontecendo agora.

P.S. Para quem tiver curiosidade, é possível ler alguns textos de Talese – incluindo o famoso ‘Frank Sinatra has a cold’ (algo como ‘Frank Sinatra está resfriado’), escrito após uma tentativa frustrada de entrevistar o cantor nos anos 1960 – no site oficial do autor.