Do jogo de futebol à matéria

Paula Leite

O trainee Fernando Moraes foi cobrir alguns jogos de futebol e viu que esse tipo de cobertura não tem nada de simples: é preciso atenção, organização e criatividade. Leia o relato dele:

Os trainees interessados em cobertura esportiva têm a oportunidade de acompanhar partidas de futebol de times paulistas. Para isso, recebemos uma credencial e podemos ficar na área de imprensa dos estádios, junto com o repórter da Folha designado para aquele jogo.

Tive sorte no primeiro jogo que fui, Santos x Bolívar, na Vila Belmiro. O placar, como todos sabem, foi o acachapante 8 a 0 para o Santos.

Mas o prazer de ver bons jogos como esse é proporcional à responsabilidade dos repórteres na sua cobertura. Eles têm que prestar atenção, em geral sozinhos, a todos os detalhes: escalação, substituições, cartões, público, renda e, claro, os gols. Além disso. têm que estar com o texto quase pronto ao fim da partida.

No meio de tudo isso, o repórter tem que fazer uma série de julgamentos no texto que está escrevendo. Quem foi o destaque da partida? Qual foi o gol mais bonito? O esquema tático montado pelos técnicos funcionou?

Todas essas informações têm de estar nos textos que vão sair no dia seguinte. Mas não se trata, é óbvio, de fazer apenas um relatório do jogo, uma mera compilação dos fatos que ocorreram na partida. O repórter esportivo procura sempre um lide criativo e busca imagens e metáforas para tentar passar ao leitor detalhes que ele talvez não tenha percebido. E isso sem cair nos inúmeros clichês e lugares comuns que permeiam a cultura futebolística.

É, cobrir futebol vai bem além dos 90 minutos da partida.