Crimes e esquecimento

Paula Leite

O Aurélio Araújo e o Trajano Pontes também escreveram sobre as suas experiências na semana de imersão no Direito pela qual os trainees passaram. Eles lembraram de algo muito importante: o potencial papel destruidor da imprensa ao noticiar crimes. Mas eu destacaria também um outro papel importante da imprensa ao noticiar crimes e processos: dar visibilidade para não deixar que eles sejam esquecidos e cobrar para que criminosos não fiquem impunes.

Foi uma semana intensa e de novidades, mesmo para alguém com prévia formação jurídica.

Nas primeiras aulas, tivemos noções básicas sobre o funcionamento da estrutura de poder do país. Se isso já é útil a qualquer cidadão, ganha mais importância para jornalistas. O contato com vereadores e deputados (e toda a burocracia que os rodeia) veio para desmistificar o conceito de ‘autoridade’. Percebemos que são pessoas normais e acessíveis, que, muitas vezes, cedem ao apelo público e propõem normas de utilidade questionável.

Outro ponto interessante do curso foi a seção sobre direito penal, campo que fornece farto material para o noticiário. É sempre bom ouvir sobre a importância desses processos na vida dos envolvidos, com o papel destruidor que a imprensa pode desempenhar quando se esquece disso. Exemplo disso foi o exercício de relembrar casos antigos cobertos e esquecidos. Eventualmente, o jornal poderia repensar sua prática de não dar seguimento a coberturas que perderam seu apelo de novidade.