Como se fosse a primeira vez

Paula Leite

A trainee Carolina de Andrade usou em um exercício a técnica de se debruçar sobre o assunto como se não soubesse nada sobre ele. Pode parecer estranho, mas muitas vezes os erros vêm de coisas sobre as quais temos “certeza” e depois verificamos estar erradas, daí a importância disso que ela fez.

Semana passada nós fizemos um exercício já ‘famoso’ no treinamento: escrever o obituário de uma pessoa que ainda está viva. Por mais que não me agrade a ideia de matá-lo, ainda que de brincadeirinha, escolhi o David Bowie. Não sou nenhuma especialista em sua trajetória, mas já sabia de uma ou outra coisa.

O que fiz nesse exercício e que pode ser útil no futuro (em alguns casos) foi pesquisar sobre o assunto como se não fizesse ideia de quem fosse, o que acredito ser um bom jeito de evitar erros (pequenos ou grandes).

Um exemplo: muita gente acha que os olhos do Bowie são de cores diferentes. Não é verdade. Lendo qualquer boa biografia sobre ele, você descobre que ele machucou um dos olhos em uma briga e a sequela foi a dilatação permanente da pupila. Por causa disso, o olho que na verdade é azul parece castanho.

O exemplo é bobo, mas já vi a explicação errada publicada muitas vezes. Uma pessoa lê a informação publicada em um veículo confiável e a passa adiante infinitamente. Pelo menos até que alguém decida que vale a pena pesquisar aquilo de novo…

Não acho que em todos os casos seja vantajoso se debruçar sobre um assunto como quem não sabe nada sobre ele. Mas pode ser útil, por exemplo, antes de entrevistar um figurão da política ou um especialista em algum tema que o jornalista não domina. Além de evitar gafes, pode ajudar a fugir do óbvio no caso de temas mais batidos.

Comentários

  1. Se o David Bowie morrer nessa semana você vai se sentir muito culpada! Mas pelo menos já vai estar com o texto pronto 😉

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