Correndo atrás da fonte

Paula Leite

O trainee Tiago Ribas também conta a sua experiência no plantão do 1º de maio. No caso dele, a lição é que repórteres também precisam de um pouco de sorte e têm que sempre estar preparados para correr.

Recebi a tarefa de acompanhar o plantão da editoria de Poder durante o feriado de 1º de maio. Conversei com o editor no dia anterior e ele me colocou para cobrir a festa que a CUT organizaria no Vale do Anhangabaú junto com outro repórter mais experiente. O objetivo era acompanhar o evento político que aconteceria a partir das 17h.

Combinei com o repórter de nos encontrarmos na Folha por volta das 16h e de lá partirmos para o Anhangabaú, que fica a pouco mais de 1 km de distância.

No dia do plantão, tudo acontecia como combinado. Pegamos o carro e fomos para o evento. Porém, quando chegamos no Anhangabaú, o motorista nos deixou no lado oposto de onde estava o palco.

Enquanto tentávamos atravessar a multidão que nos separavam do palco, o evento político começou. Precisávamos achar rápido a área de imprensa, para onde os políticos se dirigiriam após os discursos.

Falamos com um segurança e conseguimos cortar caminho por um canteiro. No entanto, após chegar em uma área do lado esquerdo do palco, descobrimos que a entrada para a imprensa era do outro lado. Atravessamos novamente o canteiro e corremos uns 100 metros por trás do palco para chegar lá.

Já do outro lado do palco, um segurança barrou nossa entrada dizendo que não tínhamos as credenciais necessárias para entrar naquela área (estávamos com uma pulseirinha azul e por lá só poderiam passar pessoas com pulseirinha cinza). Tentávamos falar com a assessora de imprensa da CUT e com outras pessoas da organização do evento, mas não recebíamos resposta.

Voltamos correndo por trás do palco para tentar entrar pela esquerda e passar para a área onde os outros jornalistas já estavam posicionados, esperando o fim dos discursos. Conversamos com uma das organizadoras do evento que estavam por lá e ela nos ajudou a passar para o outro lado. Assim que chegamos na área em que queríamos chegar, os discursos acabaram e os políticos começaram a sair do palco.

Por sorte, como entramos pelo outro lado, os políticos tiveram de passar primeiro por nós para depois falar com o resto da imprensa. Assim, pudemos entrevistá-los mais tranquilamente do que os outros jornalistas que estavam no evento.

Esse episódio me mostrou que o repórter tem de estar sempre preparado (inclusive fisicamente) para lidar com os imprevistos que aparecem durante uma pauta. É melhor tentar prever as dificuldades e se precaver, mas nem sempre podemos imaginar todos os problemas que enfrentaremos.

Posso dizer que no fim ainda tivemos sorte. Ficamos no melhor lugar para entrevistar os políticos, mas nem sempre os ‘deuses do jornalismo’ estarão do nosso lado.