“Cometi um erro na minha primeira apuração na rua”

Cristina Moreno de Castro

Eu já cometi uma porção de erros de apuração, de escrita, de digitação… de todo tipo. Uns mais graves, outros menos. Mas todo jornalista (todo mundo, claro) está sujeito a cometer erros e nem sempre dá para evitá-los, ainda mais durante uma apuração muito corrida.

O que dá pra fazer é tentar perceber quais erros cometemos com mais frequência e dobrar a atenção quando estivermos lidando com aquele assunto ou método que achamos problemático. Por exemplo, se temos dificuldades com matemática, vale refazer várias vezes as contas de uma matéria. Se nos perdemos facilmente em levantamentos, vale reler as tabulações, de preferência ao lado de um colega, para conferir cada dado. Se costumamos sempre cometer o mesmo erro de português, vale até pregar um bilhetinho na tela do computador alertando para aquele detalhe gramatical. Etc.

Foi o que eu disse ao leitor Alerrandre, que nos escreveu para contar sobre seu primeiro erro em uma apuração:

“Sou estudante de jornalismo e faço, há dois meses, estágio num jornal do Rio de Janeiro. Essa semana recebi a minha primeira pauta externa: cobrir uma audiência pública na Alerj.

Peguei um táxi e fui, todo bobo e com um frio danado na barriga. Foi minha primeira apuração fora da redação. Minha missão era saber qual a posição do presidente de uma determinada instituição pública de ensino sobre o elevado número de profissionais terceirizados que trabalham com ele.

A audiência começou com uma hora de atraso, muitas coisas foram ditas, alguns bate-bocas… e, “para nossa alegria”, as informações que eu tanto precisava foram dadas na audiência. Ou seja, não precisei falar pessoalmente com o tal presidente. Era o que eu achava…

Voltei para redação, um pouco cansado, e comecei a escrever a matéria, que foi entregue ao diretor de redação. A edição seria fechada naquele dia. Fui para casa satisfeito, mas com uma sensação estranha por não ter falado pessoalmente com o presidente.

No dia seguinte, a matéria estava publicada no jornal, MAS levei um susto… o lide estava todo mudado e com informações diferentes, ou seja, eu tinha cometido um erro absurdo na apuração! Felizmente, por esperteza do meu diretor de redação (foi ele que viu o texto, devido a urgência!), a informação foi corrigida a tempo.”

***

O erro, como ele me contou depois, não foi tão grave assim. Mas é sempre chato quando cometemos um deslize, né? Por isso, como eu já falei, vale a pena tentarmos nos cercar ao máximo, dentro das nossas possibilidade de tempo. É claro que quando temos certeza que estamos certos, fica mais difícil prever algum problema no texto, mas por isso também é importante estarmos sempre desconfiados das arapucas que nossa memória pode causar na hora de passar as informações do bloquinho para o computador.

Só um último comentário que fiz para ele sobre esse relato: “Realmente, sempre é uma boa falar com a fonte (no caso, o presidente), justamente para tirar eventuais dúvidas, ver se entendeu bem o dado apresentado e, quem sabe, descolar informações novas, que não foram passadas a todo mundo durante a coletiva.”

E vocês, já cometeram algum erro de apuração? Têm erros que cometem com frequência, sempre os mesmos? Conseguiram parar pra pensar, depois, em qual foi o MOTIVO daquele erro? Criaram algum método para tentar evitar erros futuros? Dividam com a gente, vai 🙂