Como escrever mais rápido minha matéria?
Um leitor do blog nos mandou a seguinte dúvida, seguida de um desabafo sobre uma dificuldade que sente durante as coberturas:
“Quando o sujeito precisa cobrir um evento e tem de logo após o evento enviar o texto da pauta, quais dicas os experientes dão para se fazer em pouco tempo um bom texto?
No meu caso, que já se repetiu algumas vezes, é sempre em coletiva de imprensa. Como na internet tem que ser tudo quase em tempo real, acabando a coletiva tinha que preparar texto sobre o evento, com aspas e tudo mais. Em todas as ocasiões senti grande dificuldade em selecionar as declarações que mereciam aspas, consultar anotações, conferir a gravação, amarrar o texto e deixar tudo redondo. Demoro sempre cerca de duas horas e meia pra fazer tudo e acho que é muito tempo (me sinto bem lerdinho, na verdade).
Queria algumas dicas para quem precisa produzir rapidamente um texto no calor da hora, ou pelo menos antes que tudo esfrie de vez.”
E aí, quem tem sugestões ou já descobriu truques para tornar esse trabalho mais ágil? 😀
ADENDO: alguns dos nossos leitores já deram dicas bem legais aqui embaixo, nos comentários. Confiram!
Vejamos as dúvidas:
Em todas as ocasiões senti grande dificuldade em:
1 – selecionar as declarações que mereciam aspas,
2 – consultar anotações,
3 – conferir a gravação,
4 – amarrar o texto, e
5 – deixar tudo redondo. (Fazer uma boa revisão ortográfica, e uma leitura em voz alta para “sentir” o texto…)
As dicas, por item:
1 – A seleção vai depender do preparo da pauta, vide item 2;
2 – a dica da Thalita é perfeita: “pauta montada/exaustivamente apurada, já escolhido a abordagem, vou pensando a estrutura do texto e as falas que preciso…”, mas eu acrescentaria voce ter um “boneco” de texto (que a Danusa chama de “esqueleto”, mas isso me lembra desenho do He-man…), prefiro “boneco”, que me lembra o Chuck…
3 – Aqui, não tem como voce ganhar tempo, tem que conferir mesmo.
4 – fazer uma leitura preliminar, focado na verificação da continuidade lógica da narrativa;
5 – Fazer uma boa revisão ortográfica, e uma leitura em voz alta para “sentir” o texto.
Lembre-se, a prática NÃO leva à perfeição, mas te deixa bem mais próximo dela…
Danusa, perdão, mas nós ainda estamos na “época do bloquinho”. Muitos repórteres ainda o usam, inclusive eu
Eu também só uso bloquinho, e vou continuar usando por um looooongo tempo, se bem me conheço (até outro dia eu tinha gravador de fita k7)!
Vai treinando fazendo live tweeting. : ) Sério, quando estiver em casa vendo TV, vai tentando narrar o que está acontecendo – se achar que é mico, crie uma conta especial para isso (e não diga que é sua).
Se estiver usando computador, notebook, netbook, tablet, smartphone, há programas e aplicativos que permitem uma escrita mais rápida com recurso de autocompletar palavras. (Mas é bom personalizar e calibrar.)
[]s,
Roberto Takata
canal no youtube para jornalismo investigativo, http://www.editorsweblog.org/2012/04/12/cir-announces-new-youtube-channel-for-investigative-journalism
Trabalho atualmente na redação online de um grande jornal em Brasília. É uma lastima quando preciso escrever rápido. Sempre acho que o texto ficou péssimo. Vou relatar o que faço para otimizar o trabalho e evitar pressão na redação. Aproveito os intervalos que ocorrem entre os fatos da pauta para escrever parágrafos no tablet. Quando a cobertura exige mais atenção quanto aos momentos decisivos eu prefiro ditar no gravador para não perder nada.
Arlison, o que você dita no gravador? Detalhes de observação? Informações factuais? Isso é bem interessante. Se não me engano, a Laura Capriglione também usa esse recurso do gravador. Para matérias mais narrativas, ele tem uma vantagem adicional: quando a gente fala, usa uma linguagem mais fluida, mais interessante, mais atraente para quem vai ler a história. E parte disso acaba passando para o texto.
A resposta foi dada pelo Arlison, que não conseguiu postar diretamente no blog. A dica é ótima:
Geralmente narro parágrafos com as informações básicas anotadas no bloco.Transformar em linguagem falada as cenas que vejo me ajuda a fixar o cenário da pauta. Já aconteceu de chegar à redação e escrever tudo que narrei sem precisar consultar o áudio no gravador. Perdemos muito tempo contextualizando o texto na mente, organizando as informações mais importantes para transformar em matéria. Em casos extremos esse recurso me ajuda bastante.
Estar BEM preparado pra pauta ajuda: Ja saio com a pauta montada/exaustivamente apurada, já escolhido a abordagem, vou pensando a estrutura do texto e as falas que preciso no carro a caminho do evento. Chego, pego as falas que preciso e adapto o que veio na minha cabeça. Isso evita, inclusive que a gente se distraia com outras coisas- coisa que comigo é muito fácil. Se tiver com o laptop eu já vou deixando pronto o texto só pra moldar.
Thalita, tem toda razão. Quanto menos tempo a gente for ter depois da entrevista, mais é importante a gente pensar bastante ANTES da entrevista.
Uma boa dica é fazer uma boa produção antes do evento e deixar o “esqueleto” do texto pronto. Durante o evento, registro tudo no IPad. Isso me ajuda muito já que depois não preciso transcrever nada… coisa que fazíamos na época dos “bloquinhos” hehehe. Penso, ainda, que devemos dizer ao entrevistado, se for o caso, que a entrevista pode ser objetiva e claro, fazer poucas perguntas se a intenção é ser rápido. Desta forma, também ganhamos tempo na edição e finalização da matéria.
é verdade, o ipad ajuda muito se a gente tiver onde apoiar!! =)
Eu uso uma capa que dobra pra pôr no colo. Mas digitar nele é pedir pra errar muito. Comprei um teclado bluetooth pra ajudar nisso. Em algumas lojas há capas dobráveis que já vêm com teclado acoplado. Na prática, transformam o aparelho num “netbook”.
verdade. sem teclado é duro!