Posso frilar para dois concorrentes?

Cristina Moreno de Castro

Um leitor do blog mandou a seguinte questão e quer saber a opinião de vocês:

Na última semana, fui convidado por dois sites para fechar um acordo de colaborações fixas. Apesar de ambos oferecerem um valor relativamente baixo de remuneração, topei pela possibilidade de crescimento e de futura melhora nesse valor. Além de realmente querer colaborar com esses veículos, por gostar de seu conteúdo. Acertei com um, acertei com outro. Naturalmente, desde o início, minha intenção sempre foi a de oferecer a cada um conteúdos diferentes e exclusivos. Não me ocorreu em momento algum conflito de interesses, uma vez que trabalho como frila. Contudo, ao comentar inocentemente com o editor de um deles, ele disse que eu deveria escolher. Não poderia colaborar com os dois, pois eram concorrentes. Seria como, alegou ele, colaborar com a Folha e com o Estado ao mesmo tempo. Do meu ponto de vista, como freelancer, não vejo problemas nisso. Mas confesso que já não tenho certeza. Gostaria da opinião sua, da Ana e dos leitores do blog.

Já enviei minha opinião a ele, que depois vou postar aqui. E vocês, o que acham? E, mais importante, por que acham?

Comentários

  1. Do ponto de vista do frila, ele tem todo direito do mundo de colaborar para os sites concorrentes, mas os dois editores devem saber disso para eles decidirem se aceitam ou não.

  2. Concordo com a Juliana, acho que se são editorias diferentes a pessoa deveria ter liberdade para trabalhar em ambos. Se quer exclusividade, benzinho, que assuma o compromisso de me contratar. Mas enfim, na realidade, vai rolar ciumeira sim e já que você abriu o jogo, é melhor optar por um deles.

  3. Tudo depende. Se o assunto for parecido, acho que seria mais sensato escolher um dos dois. Evita dor de cabeça, evita ciumeira, e principalmente, te resguarda de eventais dilemas éticos.
    Mesmo que fossem assuntos completamente diferentes acho mais prudente escolher um dos dois. Mesmo sendo freela, acho que como jornalista é importante ter uma visão independente, e trabalhar pra dois concorrentes poderia atrapalhar isso.

  4. Na teoria acho que não tem nada a ver. O jornal contrata um freelancer para um trabalho eventual, esporádico. Se o veículo quiser exclusividade que contrate o jornalista.

    Na prática é diferente, acho que o jornal fica numa posição confortável em não querer que o freelancer trabalhe para vários veículos sem, no entanto, o contratar. O prejudicado quase sempre é o jornalista.

    (tem jornal grande aqui no próprio “estado” de São Paulo que tem frila fixo, absurdo haha)

  5. Eu também já passei por essa situação. Mas a grande verdade é a seguinte: o empregador NÃO quer ter você como um funcionário por razões de custo. O mesmo empregador NÃO quer pagar um honorário decente por razões de custo. Aí o colaborador, refém dessa situação, não pode frilar em outras mídias. Alguma coisa está errada nessa história. Se o empregador exige exclusividade que contrate o colaborador. Se o empregador não aceita um contrato de exclusividade, por que o colaborador teria que aceitar? Mas enfim… se o empregador não concordar, não temos o que fazer, mentir (assinar com outro nome) não vale a pena.

  6. Por melhor que seja sua intenção, por mais rigoroso que você seja para não haver sobreposição, eventualmente um leitor voraz dos dois concorrentes é o mesmo e nota a semelhança na assinatura, digamos. Dá pra argumentar, lógico. Mas, se o contratante não topa, acate – evita que, no futuro, surja alguma situação tipo “por que você fez essa pra eles, e não pra mim?”. Faz todo sentido, na vida de freelancer, diversificar sua cesta de colaborações. Não dá pra colocar todos os ovos numa cesta só. Quanto mais diversificada, melhor. E, nessa diversificação, se puder evitar trabalhar simultaneamente para dois concorrentes, é uma dor-de-cabeça futura que você evita.

  7. Acho que depende de uma série de fatores. O primeiro deles seria contar com a aprovação dos editores, o que já não aconteceu. Então já é problema (ou não, já que escolhas, por vezes, viabilizam coisas maravilhosas no futuro). Mas, tirando isso, acho que depende da editoria, se são iguais… Porque se a pessoa cobre, sei lá, política, nos dois veículos…. como irá fazer se souber de um furo? A quem dará preferência? Ou se uma fonte aceita dar uma entrevista ao jornalista, para qual veículo ele irá direcioná-la? Em coisas muito diferentes, acho que não tem importância, já que não haverá casos como os que coloquei aqui…

  8. Eu acho que ele deve escolher. Até para ter uma identidade, mesmo sendo frila. Ex: um dia ele cobre uma pauta pelo veículo X, no dia seguinte chega lá como o veículo Y. É tão estranho…
    Sem contar que pode gerar ciumeira. Tipo: um editor pode achar que o conteúdo que ele ofereceu para o veículo X foi melhor que para o Y, etc…
    Acho que vale fazer frilas para veículos diferentes quando for para editorias diferentes…

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