Das patadas inaprendíveis
No post anterior a Ana linkou o relato da Vanessa sobre como é importante ganhar experiência para saber lidar com o dia-a-dia da profissão de jornalista.
Há coisas que a gente só aprende na prática, nas ruas, que as faculdades são incapazes de ensinar.
Reli as coisas que contei para a Vanessa e tive um turbilhão de lembranças de como era minha vida quatro anos atrás, quando não era jornalista profissional nem morava em São Paulo, e das coisas que aprendi nesse meio-tempo — ainda poucas perto de tudo o que tenho pra aprender.
Uma das coisas que ainda não consegui aprender foi a lidar com fontes grosseiras, que destratam o repórter gratuitamente. Acreditem: há muitas por aí. Se você cobre um caso policial, por exemplo, é muito comum os parentes das vítimas ou os suspeitos acharem que você é um aproveitador da dor alheia ou um julgador que quer lhe fazer mal. É difícil explicar qual o papel da imprensa (explicar a gente até explica, mas convencer é outra história).
Já aconteceu comigo, por exemplo, de passar meia hora convencendo um advogado sobre a importância de seu cliente dar uma entrevista, ele concordar, o cliente concordar e, na hora H, um outro advogado aparecer do nada e cancelar tudo, de forma mal-educada e desrespeitosa com o meu trabalho.
Nessas horas, infelizmente, eu geralmente fico sem chão, não sei muito como reagir. Porque grosseria é algo que foge do meu repertório, da minha natureza.
Já aconteceu algo parecido com vocês? Como reagiram? Como se sentiram depois? Chegaram a registrar o fato na matéria?
Olá,
Poxa, esses dias passei por uma situação com uma assessora de imprensa que considero inadimissível. Ela é assessora de uma entidade X e enviei para ela algumas perguntas para serem respondidas por alguém técnico e passei um prazo. Eis que ela me responde, dizendo que dentro desse prazo será impossível (ela teria cerca de uns três utéis dias para responder), e que somente poderia responder cinco dias depois do meu prazo. E caso não pudesse ser feito dessa maneira, eles abririam mão de participar desta pauta. Gostaria de saber se uma assessoria realmente pode se comportar dessa maneira? Praticamente ditando o deadline do jornalista?
Obrigada!
Bom, se vc tem um deadline, não há o que o assessor faça para mudar isso. Vc tem que dizer que o limite é aquele e pronto.
Se se tratar de um órgão público, é grave que o assessor sonegue informações, ainda mais num prazo tão amplo.
Nos outros casos, realmente não dá para obrigar alguém a falar com o veículo. O jeito é procurar outro ou registrar na matéria que aquela pessoa foi procurada três dias antes e não quis falar até o fechamento da matéria.
bjos
O problema aqui, Carina, é se você depende da assessora para a informação de que precisa. Se você não tiver outra forma de obtê-la, infelizmente, vai ter que se conformar com o prazo que ela der. A não ser que seja um caso em que valha a pena dizer que a entidade X declarou que três dias não eram suficientes para fornecer as informações da sua área…
Na verdade, se trata de uma matéria mais fria, não é nada “investigativo”. Tratava-se de uma matéria sobre os tipos de pastas que são feitos os papéis. Neste caso, acho que o interesse maior é o deles, de divulgar a instituição em uma matéria de “serviço”. Como ela não podia cumprir, acabei recorrendo a uma engenheira química, que me passou todas as informações.
Pois é, acho que ficou ainda melhor pra sua matéria. Num caso desses, não vale nem a pena se chatear: agradeça à assessora, diga a ela que vc não pode esperar e corra atrás de outras fontes melhores 😉 Como vc fez, né. bjos
Vixeeee! Já aconteceu várias vezes comigo. É policial grosso que não responde as perguntas de forma completa e fica bravo quando queremos detalhes, é produtores de grandes artistas que pensam que tudo tem de ser do modo deles e até mesmo assessores de imprensa que nem se importam com o cliente que defendem e ofendem a gente. Mas fazer o que? Eu não levo pro lado pessoal. Trato todos da melhor maneira. Até porque temos que lidar com essas pessoas, elas são partes do nosso trabalho. O jeito é erguer a cabeça e sempre responder de forma educada quanto alguém te “presenteia” com uma palavra grosseira!!!
É o jeito mesmo…
Mas às vezes acontece de eu ficar muda, de tão chocada.
bjos