Vale a pena fazer estágio em outra área?

Ana Estela de Sousa Pinto

Lembram-se da leitora que tinha medo de estar falando demais no estágio? (esta aqui.)

Pois a gente ficou tão animada com a questão que se esqueceu de uma segunda pergunta que ela tinha feito: Se eu gosto é de jornal impresso, vale a pena fazer estágio em TV?

Vamos antes lembrar que:

  • toda escolha envolve ganhos e perdas
  • decisões dependem das opções reais disponíveis
  • decisões dependem das nossas prioridades e limitações

De modo geral, portanto, se não temos uma boa opção de estágio em jornal, que é a área que nos interessa, não há mais dúvidas, certo?

Vale a pena ficar na TV, por alguns motivos:

1)      Sempre se aprende algo, por menor que sejam nossas tarefas. No mínimo, aprende-se a rotina de funcionamento do lugar, o jargão, a hierarquia

2)      É possível começar uma rede de contatos que pode ser importante no futuro

3)      Mesmo que a gente tenha uma inclinação para um meio ou um veículo, não é incomum que, ao experimentar outro, a gente acabe mudando de ideia

4)      Mesmo que a gente não mude de ideia, nem sempre há vagas disponíveis onde queremos trabalhar, e a experiência pode ajudar a conseguir trabalho em outras áreas

Mas eu só fico servindo cafezinho neste estágio? E se me perguntarem o que eu fazia na TV? Não vai pegar mal dizer que servia café?

5)      Claro que vai! Aliás, vc não deveria só servir cafezinho na TV. Se o seu estágio for mesmo só isso, tente cavar alguma função jornalística, mesmo que seja pequena ou que  tenha que fazer hora extra!! Não se contente com a situação dada!

Algum leitor já fez estágio numa área totalmente diferente da que que queria de início?

Deu certo ou foi horrível?

Apaixonou-se pela nova área ou achou que perdeu tempo?

ADENDO:

Vou acrescentar aqui as sugestões da nossa leitora Jaqueline, que já passou por situação semelhante:

    • Não tenha medo de mudar. Você pode aprender muito mais quando mergulha de cabeça no que faz.
    • Esqueça o preconceito: aquele meio ou editoria que adoramos esnobar tem profissionais tão o mais competentes que nós e com anos de profissão, que trabalham mais duro do que você imagina….
    • – Não desanime: não é porque você não trabalha onde gostaria que você é um profissional menos competente. Mostre serviço e força de vontade e todos te recompensarão. Além disso, sempre vai existir aquele colega com contatos em veículos com os quais você se identifica mais para te indicar para trabalhos bacanas.
    • E, por fim, lembre-se de que o jornalismo caminha para a multimídia : o profissional do futuro tem que fazer um pouco de tudo – entende de TV, internet, impresso, edição, rádio (podcasts), mídias sociais. Estagiar em uma área diferente pode dar aquela turbinada no seu currículo para conseguir empregos diversificados

 

Por falar em TV, quem sabe vocês poderiam me ajudar com essa dúvida do nosso leitor Mario:

Eu tinha pensado em mandar um e-mail pra vocês sobre portfolios [ele se refere a este post aqui]. Comecei a trabalhar como repórter de tv e fiz um site para compilar minhas reportagens. http://www.mariobraga.com
Procurei alguns exemplos de telejornalistas e não encontrei nenhum pra ter uma noção…
O que acham desse modelo que eu fiz?
Críticas são muito bem-vindas.

Comentários

  1. Lembro que no primeiro ano do curso de Jornalismo, enquanto o professor explicava sobre a função de pauteiro, eu pensei: que coisa chata, não quero nunca fazer isso.

    E….. minha primeira experiência com jornalismo foi… pauteiro de um programa de TV de variedades (eu também odiava programa de variedades).

    Mas, foi a oportunidade que apareceu. Eu topei e gostei.

    Em seguida consegui outro estágio em TV, depois um emprego em impresso, freelas em assessoria e rádio e, por fim, emprego em web.

    Hoje vejo que foi muito legal passar por todas essas áreas. Como já disse uma colega, o jornalismo multimídia exige diferentes habilidades.

    Agora cansei um pouco de web.. to buscando oportunidade em revista, jornal, rádio ou TV! rs

  2. Muito boa história, Mônica! E é muito verdadeira. Além das muitas qualidades da Cris, uma das características dela que me chamou a atenção foi ela ter trabalhado num banco… como bancária, mesmo, não como assessora de imprensa. 🙂
    Ana

  3. Eu me lembro de quando fui fazer entrevista em uma empresa, e minha experiência anterior havia sido em uma biblioteca de um colégio que quase não tinha livros, com visita diária das classes (do maternal ao 9o. ano), o que fazia com que eu expandisse minha função para auxiliar de educação (e que incluía levar os pequerruchos ao banheiro).

    Além disso, eu preparava todos os boletins informativos do colégio. Todos. Me passavam as informações secas, depois eu elaborava, escrevia, revia, mandava para a diretora, que sempre aprovava, imprimia, xerocava, recortava e entregava para cada classe.

    O problema é que era tão simples essa tarefa, que todo o resto – auxiliar nas necessidades das crianças, por exemplo -, tomava quase todo o meu tempo no trabalho e, na minha visão, eu era a mocinha da biblioteca que ajeitava a blusa pra dentro da bermuda dos alunos no banheiro, além de erguer a manga do agasalho na hora de lavar as mãos. E eu super me autopromovia com essa função para os amigos e parentes.

    Pois bem, na entrevista, me perguntaram quais eram minhas funções no colégio e eu, floreando todo o discurso, contei que era a responsável pelo setor, desde a organização até o pedido de novos livros (nunca aceitavam), blábláblá whiskas sachê. “Ah, e também eu preparava os boletins informativos para todos as turmas”, lembrei na hora, para dar sustância às funções.

    E não foi que o entrevistador se interessou por isso? Perguntou se eu elaborava, se eu montava o texto, pediu alguns exemplos… Porque no emprego, eu teria de formular relatórios, enviar e-mails para clientes importantes etc.

    Deu certo.

    Às vezes, entre um cafezinho e outro e uma ‘fralda’ e outra, tem ali uma responsabilidade que a gente não faz necessidade de informar na mesa do bar, mas que ajuda para conseguir algo melhor.

  4. Acho que vale sim. Primeiro porque você pode descobrir outra área que acha bacana. E em segundo lugar, você passa a ter um conhecimento que no futuro pode te ajudar. Por exemplo, se você quer jornal, mas trabalha em assessoria, fica sabendo as dificuldades que existem para conseguir um dado ou informação dentro de um órgão. Quando vc está no jornal ou na tv, sabe as “dificuldades” e até como fazer o seu pedido ser atendido mais rápido. Só para dar um exemplo.

    1. Sim, a experiência em vários lados do balcão sempre ajuda! Dá uma visão mais ampla e real dos problemas e limites de cada atividade. Ana

  5. Quando comecei a faculdade eu era viciada em impresso. Amava mesmo! Já tinha uma certa experiência na área então sempre tive mais afinidade. Aí, no terceiro ano do curso, surgiu a oportunidade de estágio numa TV afiliada da Rede Globo. Como eu não sabia o que era TV (no sentido jornalístico) resolvi arriscar. Estou na TV desde o começo de 2011. Meu contrato foi renovado e estou amando. Aprendi tanta coisa. Jornalista de hoje precisa ser “sabe tudo”, tem que ser aquele cara que sabe editar vídeo, fazer infográfico, fazer ronda e checar mídias sociais.
    Vale muito encarar uma mídia que não se conhece. Eu cresci muito na TV e conheci vários profissionais!!!
    ;*

    1. Que legal, Hidaiana! Quem sabe você poderia também me ajudar a orientar um outro leitor aqui do blog, o Mario. Ele fez um portfolio do seu trabalho no link http://www.mariobraga.com
      e está querendo saber como é que os profissionais de TV fazem portfolios e o que acham do dele. Abraço, Ana

  6. Oi, Ana!

    Eu vivi uma história parecida. Odiava a ideia de fazer TV e sempre fui apaixonada por impresso, mas nunca tive a oportunidade de trabalhar na área. Fiz um pouco de quase tudo: pesquisa de comunicação, jornalismo de dados e internet (com uma rápida incursão no rádio) até ser chamada – vejam só! – para estagiar em uma grande emissora de TV. Como era meu último ano na faculdade, mergulhei de cabeça na oportunidade e não posso reclamar da minha escolha.

    Como você disse, aprendi muita coisa que tinha visto apenas “por cima” no curso de jornalismo. Me ensinaram a fazer pautas, a editar textos e imagens, produzi matérias, séries, atualizei site, respondi e-mails. E claro que também errei bastante, mas sempre tive pessoas dispostas a fazer de mim uma jornalista melhor. E fui recompensada com a efetivação.

    Ainda mantenho o sonho de fazer algo em impresso, mas também não reclamo dessa virada. Por isso tenho os seguintes conselhos:

    – Não tenha medo de mudar. Você pode aprender muito mais quando mergulha de cabeça no que faz.

    – Esqueça o preconceito: aquele meio ou editoria que adoramos esnobar temprofissionais tão o mais competentes que nós e com anos de profissão e trabalha mais duro do que você imagina….

    – Não desanime: não é porque você não trabalha onde gostaria que você é um profissional menos competente. Mostre serviço e força de vontade e todos te recompensarão. Além disso, sempre vai existir aquele colega com contatos em veículos com os quais você se identifica mais para te indicar para trabalhos bacanas.

    E, por fim, lembre-se que o jornalismo caminha para a multimídia : o profissional do futuro tem que fazer um pouco de tudo – entende de TV, internet, impresso, edição, rádio (podcasts), mídias sociais. Estagiar em uma área diferente pode dar aquela turbinada no seu currículo para conseguir empregos diversificados.

  7. Por mais que meu interesse sempre fosse maior pelo Jornalismo Cultural, durante a graduação eu realizei trabalhos em diversas áreas, de Rádio a Assessoria de Imprensa. Todos trouxeram algum aprendizado, mesmo que fosse para ter certeza de não querer atuar profissionalmente em alguma dessas áreas.

    Acho válida a experiência pelos contatos e pelo aprendizado sobre a dinâmica de cada veículo. É claro que é preciso investir mais tempo na área que planeja seguir, mas boas surpresas podem acontecer – comigo, foi a atuação em Rádio que não fazia parte dos meus planos e revelou algo extremamente positivo para a minha profissão.

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