O mito do brainstorming

Luisa Pessoa

Não dá pra fugir: o jornal sempre tem que fazer cobertura de eventos como Natal, Carnaval, Ano Novo, Dia das Crianças etc.

E sempre, chegando perto dessas datas, é preciso pensar em novas formas de abordar  temas bem batidos.

Uma estratégia que às vezes pode ser usada nesses casos é o brainstorming,  técnica criada por Alex Osbord e divulgada pelo seu best-seller “Your Creative Power”. O brainstorming parte da seguinte ideia: em um ambiente de críticas, as pessoas ficam mais constrangidas a contribuir e tem sua criatividade bloqueada. Portanto, é preciso criar situações em que sugestões possam ser vomitadas sem que haja auto-crítica ou crítica às ideias alheias. E aí surgirão boas ideias!

Só que, infelizmente, não é isso que acontece. Pelo menos é o que mostra o repórter da New Yorker, Jonah Lehrer, no ótimo texto Groupthinking – The brainstorming mith.

Lehrer apresenta algumas pesquisas que mostram que ideias vindas de brainstorming não são as melhores por uma simples razão: sem a crítica alheia, a pessoa dificilmente pensará de maneira diferente do óbvio. Isso porque não há confronto com outros pontos de vista que é o que ajuda a estimular a criatividade.

A reportagem também apresenta a pesquisa de Brian Uzzi, sociólogo, sobre como criar o grupo de trabalho ideal. A partir da análise do sucesso de audiência de peças da Broadway, Uzzi concluiu que grupos formados por completos desconhecidos ou por pessoas que se conheciam bem demais quase sempre estavam fadados ao fracasso. A melhor composição era aquela que conjugava pessoas que já tinham trabalho juntas antes (e por isso, ficavam à vontade para trocar ideiais), com novos membros, que traziam um olhar menos viciado ao grupo. Com isso, voilà, novamente ideias mais criativas pipocavam.

A reportagem ainda analisa o ambiente de trabalho ideal, apresentando o exemplo do Building 20, do MIT, que ficou conhecido como uma ‘incubadora mágica de ideias’. Não coincidentemente, o prédio foi construído de improviso, o que permitia que sua estrutura fosse modificada conforme a necessidade dos pesquisadores, e que fazia obrigatoriamente  conviver profissionais tão diferentes como linguistas e engenheiros elétricos.

Bacana, né? Fica a dica de leitura =)