O que é da conta do seu chefe

Ana Estela de Sousa Pinto

Ontem uma leitora nossa, estagiária em secretariado numa indústria, perguntou se precisava avisar aos chefes que também fazia frilas. (leia aqui)

Quando é que temos que prestar contas aos nossos chefes sobre outras atividades que não dizem respeito à empresa que nos emprega?

Quando houver algum conflito de interesse ou prejuízo envolvido. Por exemplo, se os frilas fossem para a revista de uma indústria concorrente.

E algumas coisas ela não deveria fazer de jeito algum, como usar informações ou infra-estrutura da empresa nas reportagens ou apurar durante o expediente.

Excluídas essas hipóteses, não há qualquer relação entre os frilas que ela faz em seu tempo livre e o estágio.

O risco seria na situação inversa, ou seja, quando o fato de ela usar o crachá daquela empresa afetasse a reportagem. Por exemplo, se um jornal a contratasse para escrever sobre a empresa em que ela trabalha.

Nesse caso, seria melhor ela recusar o frial e explicar ao veículo por quê. E aproveitar para já oferecer aquela outra pauta superlegal e inofensiva na qual ela já tinha pensado com antecedência. 😉

Mas a leitora fez mais uma pergunta:

Eu pensei em hipóteses loucas, como a empresa passar a patrocinar um time de futebol e eu, como funcionária da empresa, estar infringindo alguma regra ao fazer uma reportagem sobre o time rival ou qualquer outro.

Hmmmm, aí fica um pouco mais complicado, não? Vamos supor que a indústria patrocine o Flamengo e a pauta seja a crise pela qual passa o arquirrival Vasco da Gama.

Nesse caso, há problema? Ela pode tocar a pauta ou deve recusá-la? E, se for fazer a reportagem, precisa avisar alguém?

Comentários

  1. “Então, Sr. editor, esse frila acho melhor não, pra não causar confusão… Mas tem essa pauta aqui que, olha, não dá pra recusar, né?”

    =D

    Excelente dica!!

  2. Vai na fé sem medo!!!
    Ganha seu dinheiro e vai fazendo seu trabalho como frila. Só pela preocupação, você não faria nada que não fosse ético. Por isso, continue como está que tudo se encaixa. Coisa errada faz quem planeja. Trabalhe para veículos sérios que eles também serão sérios com você. A única dica é: nunca deixe de avisar ao veículo para o qual pretende fazer a matéria que você também é estagiária na indústria X. Fora isso, aproveita a oportunidade de poder conciliar as duas coisas e vai fundo.

  3. Considerando a discussão realizada no post anterior, resumo minha opinião assim:

    conflito de interesses = recusa da pauta

    Achei ótima a sugestão da Ana de, caso isso ocorra, sugerir uma outra pauta que seja “superlegal e inofensiva”

  4. Muito interessante a discussão porque eu faço alguns trabalhos como freelancer e também dou aula de história em um colégio particular e curso jornalismo.
    Eu nunca tive conflito por parte do assunto porque até agora só cobri matérias sobre tecnologia. Mas se a empresa for realmente grande, é possível que ela algum dia patrocine algum time. Eu acho que eu não pegaria a pauta. Porque a chance de descobrirem que a reportagem foi feita por alguém que trabalha na empresa patrocinadora do time rival e virar motivo pra muito falatório, é grande, muito grande.

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