A difícil arte de entrevistar crianças

Ana Estela de Sousa Pinto

Na minha timeline do Twitter ontem:

 Thiago Arantes  A difícil arte de entrevistar crianças. Eu, na rádio da faculdade: “Quantos anos você tem?” (O moleque fez 5 com as mãos).

 E ai? Como é que vocês resolvem essa?

ADENDO DO THIAGO, DE HOJE:

E quando eu perguntei “E aí, fulaninho de 5 anos, tá gostando do parque?” e ele balançou a cabeça “dizendo” sim.

Comentários

  1. Lembrei de uma cena que me impressionou na época e ensinou mais sobre a técnica de uma entrevista. Quando o goleiro Rogério Ceni fez seu centésimo gol pelo São Paulo, em março de 2011, ele foi naturalmente cercado por um batalhão de repórteres ao final do jogo. Todos queriam, lógico, alguma boa declaração para coroar aquilo que Ceni já havia feito de espetacular.
    As perguntas iam saindo, uma a uma, todas ao mesmo tempo, uma “muvuca” de dar gosto. Pior: era tudo lugar-comum: “O que está sentindo?” “O que sentiu?” e etc. Rogério, mais preocupado com os companheiros e a torcida, sacava respostas evasivas, sem graça. Pergunta ruim, gera resposta ruim. Até que, de repente, uma delas fez o mundo parar: “Rogério, Rogério, de quem você se lembra nesta hora?”
    O que o autor da pergunta, o repórter Bruno Laurence, da Rede Globo, fez para garantir atenção do entrevistado naquele momento de caos? Além da pergunta correta, humanizou a entrevista. Até então, tudo era chato e técnico demais para Rogério, que só se sentiu empolgado a parar e dar uma boa resposta quando alguém lhe cutucou emocionalmente.
    Humanizar uma entrevista é isso. É buscar no entrevistado aquilo que realmente ele quer, aquilo que o coração pede. Poucos jornalistas conseguem isso, porque insistem em ser burocráticos, inanimados. Se você quer a atenção de alguém em uma entrevista, iguale-se ao entrevistado em humanidade.

  2. Não tem jeito mesmo. Não tem jornalista de rádio e TV que não tenha sofrido com isso. Perguntas fechadas recebem respostas fechadas. E o pior é que isso vale em alguns casos até para adultos. Em rádio e TV, as respostas dos pequenos já tendem a ser curtas, por isso quanto mais aberta for a pergunta (do tipo: o que achou disso, qual foi a sua sensação etc..) melhor. Isso não garante, mas estimula a conversa e pode gerar sonoras bem legais.

  3. As difícil arte de entrevistar crianças….. no rádio!

    As crianças são espontâneas e muitas vezes dão respostas que nos surpreendem positivamente.

    Se a situação descrita tivesse acontecido em uma entrevista para impresso, não haveria problema. Mas, tratando-se de rádio e TV, a gente precisa usar técnicas específicas, como as que foram propostas pela Juliana. Linda, linda a sugestão que ela deu de o o jornalista descrever a ação da criança (e assim estimular o ouvinte a imaginar a cena).

        1. Essa capacidade de saber o que vai bem em vídeo, o que vai bem em texto, em áudio, em arte etc. Entender que linguagem é a melhor para cada informação, ou como abordar cada notícia em cada linguagem, sempre ajuda o público!
          Ana

  4. Perguntei a uma criança de 5 anos; por sinal
    muito meiga e inteligente:
    Perguntei: Quando começará as suas aulas?
    Ela respondeu rapidamente: Quando terminar
    as férias…
    CRIANÇA É UMA TERAPIA LEGAL!!!

  5. kkkkkkkkkkkkkkk, que bonitinho =)
    Mas criança só responde idade mostrando nos dedos mesmo, ué, rs.
    Acho que poderia falar para o ouvinte que ela havia mostrado os cinco dedinhos, não?
    E a pergunta sobre estar gostando do parque também não deu muita opção de resposta… Se perguntasse o que ela estava gostando, talvez ela tagarelasse =)
    Eu acho que criança é a fonte mais confiável, espontânea, terna e engraçadinha que existe =). Há um ano trabalho com os pequenininhos e tenho páginas e páginas de frases… até o fato de ficar caladinha é fofo =D. Como ouvinte, eu acharia a entrevista legal do mesmo jeito, a intenção é captar o que o personagem (criança) é: desajeitadinho, tímido quando não precisa, espontâneo… Nem Shakespeare formula alguma frase tão linda quanto a de uma criança, até mesmo se a declaração infantil for uma mãozinha aberta hehe.

    1. Haha, é verdade, também é duro entrevistar adolescente. Pior que isso, só mesmo criar um adolescente. 😀
      Ana

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