Tirando o capuz
Vou falar hoje sobre um assunto de que a ombudsman tratou em sua última coluna.
A dificuldade que o jornal (e seus fazedores) tem para encontrar coerência ao identificar (ou não) os acusados de crimes. Em algumas matérias, mesmo sem outro lado, o suspeito é identificado com nome e sobrenome. Em outros casos, mesmo quando houve flagrante ou confissão, opta-se por esconder a identidade do suspeito.
Já falamos disso aqui no blog outras vezes, mas é uma questão que sempre me intrigou e, como jornalista, acho que esse julgamento diário do que é certo ou errado (ou melhor e pior) é muito difícil.
Não esqueço uma vez em que, num plantão, fiz uma matéria sobre um arrastão a um restaurante paulistano. Entrevistei o dono do local e, no final, ele pediu para que o lugar não fosse identificado na matéria, porque isso afastaria os clientes de lá e ele seria duplamente prejudicado.
Conversei sobre isso com o editor que estava no plantão e ele concordou comigo que não fazia sentido penalizar a vítima duas vezes. Não demos o nome na notícia.
No dia seguinte fomos cobrados por isso. Por que não deram o nome do lugar? Outra questão estava em jogo, que não havia nos ocorrido na véspera: há um interesse público em saber qual local foi alvo de assaltos; o leitor tem o direito de escolher se quer ou não frequentá-lo, sabendo que já houve um arrastão ali.
Além do mais, os vizinhos podem querer saber justamente para cobrarem as autoridades pela segurança, que não é de responsabilidade do estabelecimento, mas da polícia.
Enfim. Imaginem essa mesma discussão quando estão em jogo um assassino confesso ou um suspeito de estupro ou um assaltante flagrado etc. Em 99,9% dos casos, o jornalista não presenciou o crime. Tem que confiar nas palavras de investigadores, testemunhas e advogados. Até que ponto é importante identificar à sociedade um criminoso, sob risco de estar destruindo a imagem de um potencial inocente?
Não existe certo e errado, mas existe uma busca diária para se alcançar as melhores soluções, às vezes com pouquíssimo tempo para discussões. E aí podem ocorrer as tais incoerências de que fala a ombudsman.
O que vocês acham que é mais importante nesses casos? Divulgar ou preservar?
Infelizmente sempre escapa informações que fazem o sujeito ser ou vilão demais ou “pobre coitado” que nem sempre batem com a verdade.. Mas é bom divulgar sempre 🙂
olha eu inaugurando meus comentários no blog ‘novo’ hehehe. Cris e Ana tão lindas na foto <3
Brigada, Lanna!!
Espero que os “velhos” leitores (anciãos, no seu caso, rs) não nos abandonem! 😀
¬¬ kkkkk cuidado com o que vc pede =P bjos