Bonitinho, mas descuidado
Esses dias o Dario de Negreiros, trainee da 52ª turma, recebeu um torpedo do Helton Gomes sobre a matéria que escreveram para o caderno especial +50, “Casar e se divorciar após os 50 é cada vez mais comum“. O SMS era sobre um daqueles comentários que as nossas notícias de internet recebem e que nem sempre a gente lê. E fez com que o Dario ficasse paralisado no meio da rua por alguns instantes, depois de um dia de trabalho na sucursal da Folha em Ribeirão.
Tinha chamado a atenção de uma leitora o início da reportagem, uma frase de um senhor de 79 anos, chamado Silas Moret. Na matéria, Silas dizia: “Eu tenho 44 anos de casado. Estou com a minha velhinha até hoje e não estou pensando em trocar, não.”
O comentário era o seguinte:
“Minha mãe de 85 anos leu essa entrevista. Ela está a procura de um irmão há 43 anos que se chama Silas Moret, tem 79 anos e vive em São Paulo. Ela acha que talvez este entrevistado de nome Silas Moret de 79 anos seja o irmão dela. Gostaria de obter, se possível, o contato dele . O sonho dela é encontrar este irmão.”
Adivinhem se ele pegou o contato do Silas?
Mais uma lição (um pouco triste, é verdade) para aprendermos a sempre anotar os contatos das pessoas com quem conversamos quando fazemos uma pauta.
PS1: É claro que nosso amigo Dario ficou com muito peso da consciência e já escreveu para a moça todas as informações que lembrava sobre o encontro com Silas (aonde o encontrou, que horas etc). Mas não é o mesmo que passar o telefone dele, né?
PS2: E é claro que o Dario também lembrou-se de quando a Izabela, a editora-assistente de treinamento, perguntou para ele sobre o mesmo personagem: “Você pegou o contato dele?” “Não, não precisa… já entrevistei ele, tá gravado!” E ela falou: “Não importa. Sempre pegue o contato.” E então? Experiência ou bruxaria?
Mas passariam o telefone assim direto ou fariam uma intermediação inicial?
[]s,
Roberto Takata
Ótima pergunta! Passar direto, nunca! Sempre é preciso consultar ANTES a fonte.
bruxaria! acontece a todos 🙂
Não consigo nem imaginar alguém que eu entreviste e não tenha o contato.
Alguns estão na agenda, outros em emails e o pior dos casos, nos meus blocos, mas ficar sem um celular, nem pensar…
Não é ‘bruxaria’, ninguém nunca me ensinou, é corriqueiro para mim.
Eu acho que ficaria super mal se não pudesse ajudar nesse caso. Ia tomar a história para mim até, acho que renderia pauta depois e tudo…
Não consigo nem imaginar em alguém que eu entreviste e não tenho o contato.
Alguns estão na agenda, outros em emails e o pior dos casos, nos meus blocos, mas ficar sem um celular, nem pensar…
Dario, imagino como você deve ter se sentido após ler a mensagem. Apesar do seu caso ser extremo – e também mostrar o alcance que “materias corriqueiras” podem ter – assim como você, aprendi que sempre é preciso pegar o contato de todos os personagens, por mais bobo que pareça naquele momento.
Se ele realmente entrar na matéria, pode ser que no “aniversário” de um mês, seis meses ou um ano do caso, seja interessante ver como aquela pessoa está, para dar um panorama mais humanizado da história que está sendo contada ou mesmo, simplesmente, comparar a realidade do mesmo personagem antes e depois da situação relatada.
Pois é, meu caro, aprendemos quando ocorrem estes fatos mesmo, mas confesso que seu caso me apertou o coração rsrs
Essa é mais uma daquelas coincidências que alguns preferem classificar como “milagre”, “providência divina” ou qualquer outro nome parecido. O fato é que, se a tal irmã não tivesse contatado o repórter ele nem provavelmente continuaria a não pegar os contatos dos entrevistados. É como a mulher grávida que passa a ver grávidas por todos os cantos; o apressado que acha que o semáforo ou a fila ao lado estão demorando mais que o normal etc… Após essa experiência, digamos, traumática, isso ficou gravado na memória dele, de modo que ele jamais esquecerá de pegar o contato do entrevistado novamente. Não acho que seja bruxaria, mas sim a mais pura experiência de quem ou já passou por algo semelhante ou já presenciou um fato parecido (talvez não tão dramático como esse, ou até mesmo mais banal, mas que colocasse essa condição como uma das essenciais ao exercício da profissão).