Novo em Folha https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br Programa de Treinamento Tue, 07 Dec 2021 12:48:26 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Mídia americana traiu os pobres, acusa jornalista em novo livro https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/midia-americana-traiu-os-pobres-acusa-jornalista-em-novo-livro/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/midia-americana-traiu-os-pobres-acusa-jornalista-em-novo-livro/#respond Fri, 05 Nov 2021 20:12:58 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Batya-Ungar-Sargon-Foto-Forward-320x213.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=11290 Suzana Petropouleas

Em seu novo livro “Bad News: How Woke Media Is Undermining Democracy” (Más notícias: como a mídia desconstruída está minando a democracia, na tradução do inglês), Batya Ungar-Sargon, editora-adjunta de opinião da revista Newsweek, defende que os jornalistas americanos apoiam-se em pautas como o antirracismo para “mascarar seu desprezo pela classe trabalhadora”. 

Em artigo para o site Unherd sobre a obra lançada em outubro, Ungar-Sargon lança um olhar provocativo sobre a elitização das Redações e do público-alvo dos jornais, que estaria na raiz da desconfiança da mídia tradicional por parte da classe média, como apoiadores do ex-presidente Donald Trump.

Embora reconheça que o racismo é um problema que demanda soluções urgentes, a autora afirma que a defesa de pautas raciais tornou-se uma lucrativa estratégia da mídia americana para aparentar que defende os interesses do povo  premissa central do jornalismo, de acordo com Joseph Pulitzer   enquanto se esquiva de abordar os desafios econômicos da classe média e os privilégios da elite da qual os jornalistas agora fazem parte. 

A autora argumenta que os profissionais se desconectaram das origens do jornalismo no país, que remete ao boom de tabloides populares que abordavam os anseios da classe média e circularam a partir de 1830.  

Os leitores também mudaram. Deixaram de ser as massas de trabalhadores que compravam os jornais populares a um centavo de dólar e tornaram-se a elite escolarizada, influente e liberal nos costumes que garante leitura e engajamento aos veículos agora online. 

Conforme o jornalismo se elitizou no último século e seus profissionais passaram a integrar a elite cultural e econômica, eles deixaram de lado temas importantes para os trabalhadores, como perdas salariais e a desigualdade econômica do país.

“Em vez disso, um pânico moral em torno da raça e uma obsessão por causas antes restritas ao meio acadêmico  como abertura das fronteiras, interseccionalidade, antirracismo e antissemitismo  forneceram um álibi conveniente para uma elite que ainda se vê como defensora dos oprimidos”, Ungar-Sargon escreveu no artigo. 

Reduzidos ao rótulo de racistas pela mídia progressista, trabalhadores que votaram em Trump em 2016 motivados por receios econômicos (como a perda de empregos para imigrantes) buscaram refúgio em outras fontes de informação, afirma. “A mídia conservadora talvez não faça muito para ajudar os menos afortunados que perderam renda, mas pelo menos não faz pouco caso da classe trabalhadora enquanto os abandona economicamente.”

 

Bad News: How Woke Media Is Undermining Democracy

Preço: US$ 26,09 (R$ 148,19; 280 págs.)

Autora: Batya Ungar-Sargon

Editora: Encounter Books

]]>
0
O que há por trás de fotos ‘imprecisas’ de jornalista no Afeganistão https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/08/18/o-que-ha-por-tras-de-fotos-imprecisas-de-jornalista-no-afeganistao/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/08/18/o-que-ha-por-tras-de-fotos-imprecisas-de-jornalista-no-afeganistao/#respond Wed, 18 Aug 2021 22:56:06 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/119971148_58250587-320x213.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=11146

BBC News Brasil

A imagem parecia ser um indicativo do que o Talebã no poder provocaria na vida das mulheres no Afeganistão.

O “antes” e “depois” de uma jornalista apresentando uma reportagem em Cabul mostrava a mudança: em um dia, rosto e cabelos descobertos e apenas um lenço no pescoço; no dia seguinte, véu cobrindo inteiramente os cabelos e uma “abaya”, vestido de manga comprida que vai até o chão.

A indumentária da jornalista americana da CNN, Clarissa Ward, viralizou nas redes com essa mensagem: a chegada do Talebã já estava fazendo as mulheres terem de se cobrir mais. Era um símbolo de endurecimento contra mulheres em Cabul.

Mas não era bem isso. Ward explicou que essa mensagem era imprecisa.

A foto com o rosto descoberto, disse ela, foi registrada enquanto ela fazia uma gravação em um espaço privado. Já a reportagem com o véu e a abaya foi gravada na rua. “Eu sempre usei um lenço na cabeça nas ruas de Cabul anteriormente”, disse ela, admitindo, no entanto, que não usava o cabelo “totalmente coberto e abaya”.

“Portanto, há uma diferença, mas nem tanta assim.”

Em uma reportagem para o canal, ela comentou que estava vestida daquela maneira por “cautela” e para ser “o mais discreta possível”. “Não quero chamar muita atenção para mim. A história é o que está ao meu redor. A história é o que os afegãos estão sentindo nesse momento incerto e desesperador.”

A chegada do Talebã ao poder no Afeganistão despertou medo nos afegãos e, principalmente, nas afegãs. Elas temem perder direitos básicos, como o de estudar e trabalhar, já que o Talebã impõe uma interpretação radical e estrita da lei islâmica que restringe severamente os direitos das mulheres.

E, com a chegada do Talebã, de fato já foram observadas mudanças para as mulheres. À BBC, mulheres narraram perda de liberdades. Uma disse que agora tem que usar burca – o traje que cobre completamente o corpo da mulher, com uma treliça estreita à altura dos olhos, e um homem precisa acompanhá-la.

Segundo o BBC Monitoring, um departamento da BBC que monitora a imprensa no mundo todo, não há mais tantas apresentadoras mulheres na TV. Durante dois dias, elas estiveram ausentes das bancadas de jornais. Até que, nesta terça (17/8), uma jornalista da rede privada Tolo News apareceu como âncora em um telejornal e ainda entrevistou um representante do Talebã.

A própria Ward, a jornalista da CNN, disse que um representante do Talebã deixou claro, quando ela perguntou, que o rosto de uma mulher e suas mãos deveriam ser cobertos. Em certo momento, enquanto ela trabalhava na rua, pediram para ela ficar em um canto porque ela era uma mulher.

Em entrevista coletiva nesta terça (17/8), um porta-voz do Talebã, Zabihullah Mujahid, disse que o Talebã irá “permitir que as mulheres trabalhem e estudem dentro de nossas regras”, sem especificar que regras são essas.

]]>
0
Associated Press deixa de divulgar nomes de pessoas que cometeram crimes brandos https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/07/23/associated-press-deixa-de-divulgar-nomes-de-pessoas-que-cometeram-crimes-brandos/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/07/23/associated-press-deixa-de-divulgar-nomes-de-pessoas-que-cometeram-crimes-brandos/#respond Fri, 23 Jul 2021 20:59:10 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/roman-kraft-_Zua2hyvTBk-unsplash-1-320x213.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=11094 A agência de notícias Associated Press anunciou que não irá mais divulgar os nomes de pessoas acusadas de delitos leves.

A decisão veio sob a justificativa de que essas situações podem causar danos de longa duração na internet, dificultando que os indivíduos retomem suas vidas.

John Daniszewski, vice-presidente de padrões da AP, comentou que, mesmo havendo uma infração como despir-se e dançar bêbado em um bar, “o nome da pessoa presa viverá online para sempre, mesmo que as acusações sejam retiradas ou a pessoa seja absolvida”. Esse fator, segundo a agência, pode interferir no resultado de entrevistas de emprego, por exemplo.

A Associated Press enviou uma diretriz a todos os seus jornalistas nos Estados Unidos, comunicando que não irá mais incluir nomes ou fotos de pessoas acusadas de crimes brandos. A instituição também deixará de incluir link para jornais locais que contenham fotos ou identidade dos suspeitos.

Essa nova diretriz não se aplica a crimes graves, que envolvam violência, abuso ou fugitivos da polícia.

]]>
0
‘Entrevista com Elize Matsunaga não foi paga’, diz idealizadora da série https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/07/20/entrevista-com-elize-matsunaga-nao-foi-paga-diz-idealizadora-da-serie/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/07/20/entrevista-com-elize-matsunaga-nao-foi-paga-diz-idealizadora-da-serie/#respond Tue, 20 Jul 2021 22:32:44 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/bc178bdde43c735e96631600519fc1495028319f11fb28e658dd1a84f4711d0e_60c8b79a27022-320x213.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=11084 Uma semana após estrear, a série “Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime”​ ainda ocupa a lista dos dez títulos mais vistos da Netflix. A obra conta um dos crimes que mais ganhou espaço na mídia brasileira: a história da paranaense que, em 19 de maio de 2012, assassinou e esquartejou o marido e herdeiro da Yoki, Marcos Matsunaga.

Thaís Nunes, idealizadora da série e uma das repórteres entrevistadas durante o documentário, conta que foram 18 meses de negociação do produtor Gustavo Melo até conseguir uma entrevista com Elize, que nunca falou com a imprensa. Antes de assinar a obra para a gigante do streaming, ela cobriu o caso como repórter, primeiro no Diário de S.Paulo, jornal que não existe mais, e depois no SBT.

Segundo a Netflix, foram 21 horas de entrevista com Elize e mais de 20 entrevistados, entre eles jornalistas, amigos do casal, familiares, advogados e especialistas criminais. A protagonista do caso não recebeu nenhum valor em dinheiro para falar, tampouco os outros convidados, de acordo com Nunes.

“Desde o início, sempre quis ouvir o que Elize tinha a dizer. A vontade ficou ainda maior quando fui a Chopinzinho, interior do Paraná, e conheci o padrasto dela. Senti ali que a história tinha nuances mais profundas do que a mídia tradicional havia explorado”, conta a idealizadora.

Em dezembro de 2016, Roseli de Araújo, tia de Elize, revelou ao júri que a sobrinha tinha sido abusada sexualmente pelo padrasto.

Nunes entrou em contato com a presidiária pelos advogados dela, Luciano Santoro e Juliana Fincatti, e propôs que a história fosse contada de forma “a explorar os sentimentos que a levaram a cometer o crime, sem minimizar o que tinha feito”.

Luciano Santoro diz que Elize não tinha interesse em dar entrevista antes da Boutique Filmes, produtora da obra, contatá-la e a defesa também não achava uma boa ideia.

“A decisão de não dar entrevista para a rede aberta foi tomada no início do caso. Eu nunca vi nenhuma vantagem. Se você compara com outros casos, acho que os réus só se prejudicaram.”

Entretanto, anos depois, Elize teria vontade de gravar sua versão da história para a filha. Além disso, o advogado afirma ter guardado muitos elementos para o júri que não vieram a público, como email e publicações na internet.

“O público, por minha responsabilidade também, sempre teve a notícia de uma parte da história e não a completa”, diz.

Questionado sobre a possibilidade da série ajudar Elize Matsunaga juridicamente, Santoro reitera que não é possível haver redução de pena, porque isso foi decidido pelo júri, mas afirma estar tentando converter o regime de prisão de Elize em aberto. De acordo com a contagem dele, ela já deveria ter esse direito desde março deste ano, mas, até agora, segue em regime fechado.

Matsunaga foi condenada, em 2016, à pena de 19 anos e 11 meses pelo assassinato e esquartejamento do marido. 

Thaís Nunes chama a atenção para o gosto da entrevistada pelo pintor italiano Caravaggio –que foi explorado no primeiro dos quatro episódios da produção. A jornalista tinha acabado de voltar de Roma, onde teve a oportunidade de ver as obras do artista e, ao contar da viagem para Elize, conseguiu estabelecer um vínculo com ela. “Falamos sobre arte um tempo e aí deu um nó na cabeça. Trouxemos isso para a entrevista. O documentário aconteceu pela relação de confiança que se estabeleceu entre mim e ela e, depois, entre ela e toda a equipe”, diz a repórter.

Para Nunes, a série é uma possibilidade para aqueles que estão dispostos a contar histórias em profundidade.

“Vimos alguns jornais tradicionais encerrarem suas atividades e a audiência da televisão aberta cair. Eu mesma não tenho o costume de assistir TV. Em contrapartida, sou consumidora voraz de filmes e séries documentais.”

A jornalista contou que está envolvida no desenvolvimento de um longa-metragem e assina uma outra série, ambos no formato documental para serviços de streaming. 

Sobre a razão pela qual Elize teria aceitado dar a entrevista, Nunes destaca o desejo que ela tinha de contar a história para a filha, que ainda era bebê quando o assassinato ocorreu.

Dois outros repórteres que participam da obra documental também acreditam ser esse o principal fator que levou a detenta a falar. Lucas Martins, repórter da Band e quem deu o furo [jargão jornalístico para notícia excepcional publicada por um veículo antes dos demais] sobre os pedaços dos corpos encontrados em Caucaia do Alto, distrito do município de Cotia, em São Paulo, diz que o contato da menina com a entrevista feita pela mãe será inevitável.

“Ela vai pra escola, ela tem um mundo fora do ambiente doméstico. Em algum momento ela vai ter acesso a esse material. Não sei te dizer se isso é positivo ou não.”

O jornalista deu entrevista para o documentário sobre o caso Matsunaga em 2019 e diz que algumas pessoas acham que a obra vitimizou a assassina, em virtude das cenas que exploram as agressões verbais feitas pelo esposo, a pressão psicológica e as ameaças de colocá-la num hospício e afastá-la da filha.

“É como se o fato dela ter sido vítima de tudo isso diminuísse o crime que ela cometeu. Neste caso, especificamente, que é muito mais incomum, a vítima foi o homem e não a mulher.”

Para o repórter, só o fato de Matsunaga ser rico e ter sido esquartejado não seria suficiente para cativar o público. “Os grandes casos da crônica policial, aqueles que chamam mais a atenção, têm todos os elementos de um filme ou de uma novela; é isso que atrai a atenção de quem está em casa.”

Paula Scarpin, ex-jornalista da revista piauí, fez uma reportagem sobre a cobertura da imprensa no caso em janeiro de 2017, intitulada “Um Crime Célebre”, trocadilho com um conto de Machado de Assis (“Um Homem Célebre”). Para ela, o resultado do julgamento poderia ter sido diferente se o caso não estivesse nos holofotes, já que o júri entrou no tribunal com uma opinião pré-concebida a partir de tudo que viu nos noticiários.

Scarpin também afirma que o dinheiro, embora seja importante, é só um dos elementos que fez o crime ilustre. O esquartejamento, o passado como garota de programa, os vídeos do detetive, o gosto por arma e caça e a cobra de estimação são detalhes que viram entretenimento para a audiência.

“A mídia acaba bombando e quem sou eu pra criticar, porque eu também gosto de acompanhar esse tipo de cobertura”, diz.

Ela lembra que, no dia do julgamento, uma colega repórter disse que precisavam achar outro crime para fazer cobertura, pois este era o último famoso. Na lista de “criminosas célebres”, Elize Matsunaga se junta a Suzane Von Richthofen e Ana Carolina Jatobá.

“Isso me deu muito uma noção desse poder que a imprensa tem de fazer um crime ficar famoso”, afirma.

Sobre o documentário, Scarpin acredita ser um trabalho sério. Os quatro capítulos da série estão disponíveis na Netflix e o trailer pode ser conferido pelo link https://www.youtube.com/watch?v=g-E-ZSEFk_s.

 

Onde Disponível na Netflix

Direção Eliza Capai

]]>
0
Recusa de tenista a participar de coletiva reacende debate sobre relação com a imprensa https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/06/02/recusa-de-tenista-a-participar-de-coletiva-reacende-debate-sobre-relacao-com-a-imprensa/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/06/02/recusa-de-tenista-a-participar-de-coletiva-reacende-debate-sobre-relacao-com-a-imprensa/#respond Wed, 02 Jun 2021 19:22:51 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/648ef29688277010553c20fd3ddb0723f44857fec203f10a25d5c5a12393f10b_60b5d89ee3a89-3-320x213.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10949 A tenista japonesa Naomi Osaka trouxe de volta ao debate público as discussões sobre a relação entre a imprensa e os atletas, além da saúde mental dos últimos. Osaka negou-se a dar entrevista depois de sua estreia no torneio Roland Garros, em Paris, no dia 30 de maio.

A esportista já tinha avisado que não concederia entrevistas, afirmando que o contato obrigatório com a imprensa afeta a saúde mental dos competidores. Desde 2018, Osaka vem sofrendo de um quadro depressivo.

A organização do evento multou Naomi em US$ 15 mil (cerca de R$ 78 mil) e anunciou que ela estaria sujeita a novas sanções, incluindo a desclassificação no torneio.

Na segunda-feira, entretanto, a tenista decidiu desistir da competição. “Ficamos lá e ouvimos perguntas que já foram feitas várias vezes ou perguntas que colocam dúvidas em nossas mentes, e não vou me sujeitar a pessoas que duvidam de mim”, disse Naomi Osaka em carta aberta no Twitter.

Coletivas de imprensa são obrigatórias para os competidores, sendo uma cláusula a ser cumprida no contrato. Segundo reportagem do The New York Times, a pandemia ocasionou a perda de centenas de milhões de dólares para os torneios esportivos e, por isso, tornar opcional a aparição da jogadora jovem mais proeminente do tênis prejudicaria a publicidade global gratuita que os jogos recebem, assim como a audiência em canais de televisão e a exposição do evento na mídia.

Donald Dell, fundador do torneio masculino, diz que o acesso da mídia às grandes estrelas é fundamental para promover qualquer esporte. “Quando Serena [Williams] perde uma final quando está indo para o recorde do Grand Slam, não é divertido ir a uma coletiva de imprensa, mas faz parte do esporte e parte da tentativa de construir um esporte maior.

Outros atletas se posicionaram a favor da colega. Sua rival no tênis, Serena Williams, disse que queria poder dar um abraço nela. “Sei como é. Estive nessas posições.”

O heptacampeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton, criticou a organização e disse estar desapontado por multarem alguém que “está se abrindo e sendo honesta ao expressar um problema”.

Outras celebridades do mundo do esporte discordaram das atitudes de Osaka. Ashleigh Barty, atual número um do mundo no tênis, negou que coletivas são difíceis. “Certamente não me faz perder o sono o que eu digo e ouço ou o que vocês me perguntam.”

Rafael Nadal diz respeitar Naomi e sua decisão, mas afirma que “a mídia é uma parte muito importante do tênis”.

Após a repercussão, a organização do Roland Garros mudou o discurso, demonstrou apoio à tenista e disse que trabalharão para “criar melhorias significativas”.

O torneio, que começou sua segunda rodada hoje (02/06), segue até o dia 13.

]]>
0
Mulheres e homens consomem notícias de forma diferente, mostra relatório https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/01/28/mulheres-e-homens-consomem-noticias-de-forma-diferente-mostra-relatorio/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2021/01/28/mulheres-e-homens-consomem-noticias-de-forma-diferente-mostra-relatorio/#respond Thu, 28 Jan 2021 19:11:07 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/raphael-ferraz-4HqVMudO0Es-unsplash_Easy-Resize.com_-320x213.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=10641 Recente relatório do Instituto Reuters​, ligado à Universidade de Oxford (Reino Unido), mostra que mulheres e homens consomem notícias e interagem com elas de forma diferente. No pano de fundo estão fatores já conhecidos, como a dupla jornada de trabalho e a violência de gênero.

O documento, que tem como base pesquisa mais ampla do instituto, o Digital News Report 2020, analisa a audiência de 11 países: África do Sul, Alemanha, Brasil, Coréia do Sul, Finlândia, Estados Unidos, Hong Kong, Japão, México, Quênia e Reino Unido.

Em todas as regiões, homens tendem mais a se dizer extremamente ou muito interessados em notícias do que mulheres. O Brasil é o único país com diferença pouco significativa: apenas 4 pontos percentuais separam o contingente de brasileiros mais interessados em notícias do de brasileiras. No Reino Unido, essa diferença é de 10 pontos, e na Finlândia, 18.

O tema de interesse também muda. Quando a pauta é saúde ou educação, são elas as mais interessadas.

Já quanto o assunto é o noticiário político, são os homens quem se dizem mais interessados. Em quase todos os países, a diferença entre homens e mulheres que acompanham o tema com frequência ultrapassa 10 pontos percentuais.

O cenário pode variar mais ou menos de acordo com região mas, segundo aponta o documento, fica evidente que a sobrecarga de trabalho, que torna escasso o tempo livre das mulheres, diminui o interesse delas pelo noticiário, em especial por matérias que abordem temas negativos.

A pandemia evidenciou o quadro. “Mesmo antes, as mulheres faziam quase três vezes mais o trabalho doméstico não pago do que os homens e, em 2020, já que as escolas e creches fecharam, elas se viram tendo que lidar com ainda mais responsabilidades em casa”, diz um trecho do relatório.

Como usualmente acessam as notícias enquanto fazem outras coisas, em quase todos os países analisados, as mulheres são mais propensas que os homens a acompanhar o noticiário pela TV ou pelo rádio.

​O relatório abarca ainda a tendência de comentar notícias na internet (como em sites ou nas redes sociais) ou no tête-à-tête, pessoalmente. Homens tendem mais ao primeiro caso, enquanto mulheres privilegiam o segundo.

Parte da justificativa está nos ataques e assédios virtuais direcionados a elas. De acordo com o documento, há um padrão claro: os homens são mais atacados nas redes por suas opiniões políticas, e as mulheres, pelo gênero. O ambiente hostil, diz o relatório, inibe a discussão política para elas nas redes.

]]>
0
Fiquem em casa, diz repórter da BBC que visitou UTI https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2020/04/14/fiquem-em-casa-diz-reporter-da-bbc-que-visitou-uti/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2020/04/14/fiquem-em-casa-diz-reporter-da-bbc-que-visitou-uti/#respond Tue, 14 Apr 2020 15:41:40 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/dca3d33772a9282ca19ff04b0c689d67fff76ff8ad62df283aa7b4c424f87cb4_5e959a12742c1_Easy-Resize.com_.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9825 Na segunda-feira (6), o telejornal News at Six, da BBC, transmitiu uma longa reportagem com os bastidores de uma unidade de tratamento intensivo do hospital UCLH Trust, em Londres.

A matéria mostra um centro de recuperação pós-operatória convertido em UTI. O espaço funciona bem, mas está claramente sobrecarregado. Um dos médicos chama a situação de “completamente inimaginável”; outro lamenta a própria ingenuidade por ter acreditado que o vírus só afetaria pacientes mais velhos e doentes.

Na falta de respiradores, cerca de dez profissionais se juntam para virar os pacientes de lado e aumentar, desse modo, o fluxo de oxigênio em seu corpo. Todos trabalham com equipamentos de proteção pesada, que provocam forte dor de cabeça após algumas horas.

O jornalista entrevista um dos pacientes, Ertan Nazim, um motorista de ônibus de 70 anos. Deitado, ele descreve seus sintomas e fala da esposa, das filhas e netos que o aguardam em casa.

Após a transmissão, o repórter Fergus Walsh entrou ao vivo no estúdio para comentar suas impressões sobre a cobertura. “A equipe quis passar o recado: fiquem em casa. Se alguém tem dúvidas sobre o que o coronavírus pode fazer, espero que as imagens dessa reportagem as dissipem”, disse Walsh ao âncora. “É absolutamente vital que as pessoas levem o distanciamento social a sério.”

O repórter chamou o desempenho da equipe de esplêndido e disse ter sido profundamente impactado pela resiliência e profissionalismo dos trabalhadores. “A situação está exigindo deles um sacrifício imenso, e é por isso que devemos fazer o possível para prevenir a disseminação do coronavírus.”

A reportagem da BBC é uma exceção na cobertura da crise do coronavírus. Como o jornal “The Washington Post” relatou na semana passada, os jornalistas têm sido excluídos da linha de frente do combate à doença —os hospitais— devido a uma mistura de preocupação com a segurança dos repórteres e com a privacidade dos pacientes.

Muitas reportagens em vídeo sobre o tema têm dependido de vídeos amadores, gravados em segredo pela equipe dos hospitais. A falta de imagens produzidas profissionalmente, argumentam os repórteres do “Post”, pode levar dúvidas quanto à seriedade da crise de saúde pública provocada pelo vírus.

Nesse sentido, a reportagem de Fergus Walsh para a BBC sugere possíveis caminhos para filmar a pandemia de forma ética: todos os rostos dos pacientes —com exceção de Ertan Nazim, que autorizou sua entrevista— foram borrados para impedir a sua identificação, e a empresa pública de mídia doou roupas de proteção ao hospital para compensar pelo equipamento usado pelo repórter e pelo câmera.

O The New York Times também enviou o colunista Nicholas Kristof para dois hospitais no Bronx, em Nova York, para testemunhar o dia dos profissionais de saúde com os pacientes de coronavírus e a luta pela sobrevivência. “Essa pandemia não será lembrada pelos pronunciamentos da Casa Branca, mas pelos problemas na linha de frente.”

A filmagem mostra filas de leitos e expõe, a partir das entrevistas, a pressão que médicos e enfermeiros têm sofrido. Segundo o jornalista, a médica Deborah J. White parece um general comandando um campo de batalha. Ela está constantemente contando leitos e acompanhando cada paciente. “É para isso que fomos treinados”, diz White.

Ao mesmo tempo que expõe as dificuldades no atendimento pelas lotações nos hospitais, a reportagem mostra como o emocional dos profissionais é impactado. “Quando você chega em casa, finalmente respira e é aí deixa escapar tudo, porque você não tem tempo de processar essas emoções aqui”, conta a residente Nicole Del Valle.

]]>
0
Revista compila fotos de espaços esvaziados devido ao coronavírus https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2020/03/20/revista-compila-fotos-de-espacos-esvaziados-devido-ao-coronavirus/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2020/03/20/revista-compila-fotos-de-espacos-esvaziados-devido-ao-coronavirus/#respond Fri, 20 Mar 2020 13:31:21 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/original.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=9776 O editor de fotografia da revista norte-americana “The Atlantic”, Alan Taylor, publicou na semana passada uma compilação de fotos de espaços esvaziados ao redor do mundo devido à atual pandemia do coronavírus.

As imagens mostram hipermercados americanos sem produtos nem clientes, partidas esportivas em estádios vazias, pontos de turismo religioso sem fiéis —como a praça São Pedro, no Vaticano, ou a Caaba, em Meca, na Arábia Saudita—, entre outros.

Classificado como pandemia pela Organização Mundial de Saúde na quarta-feira (11), o coronavírus provocou uma crise mundial sem precedentes, que parou a economia mundial e fez diversos países tomarem medidas drásticas, como fechar fronteiras, decretar emergência nacional e proibir aglomerações.

Uma das principais recomendações para evitar o contágio é ficar longe de multidões, especialmente em espaços fechados. A Folha liberou o acesso de não-assinantes às reportagens que explicam a doença e mostram outras dicas para se proteger.

A Reuters e a CNN também compilaram outras fotos de espaços esvaziados pelo mundo.

]]>
0
Omissão da imprensa ajuda a disseminar mentiras de Trump, diz ex-ombudsman do NYT https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/26/omissao-da-imprensa-ajuda-a-disseminar-mentiras-de-trump-diz-ex-ombudsman-do-nyt/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2018/12/26/omissao-da-imprensa-ajuda-a-disseminar-mentiras-de-trump-diz-ex-ombudsman-do-nyt/#respond Wed, 26 Dec 2018 13:19:40 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/chris_cuomo-320x213.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8605 Alguns veículos jornalísticos norte-americanos têm dado espaço de forma equivocada para declarações falsas dadas pelo presidente Donald Trump e sua equipe, muitas vezes sem explicá-las ou colocá-las dentro de um contexto.

A afirmação foi feita por Margaret Sullivan, ex-ombudsman (“public editor”, em inglês) do New York Times, em sua coluna no jornal The Washington Post publicada na segunda-feira (17). De acordo com ela, a atitude da mídia tem ajudado a disseminar informações falsas no noticiário e nas redes.

“Quando jornais dão um megafone para as mentiras —ou para os mentirosos—, eles causam um mal. O que o presidente diz precisa ser reportado, é claro, mas somente dentro do contexto daquilo que se sabe sobre o assunto”, afirmou.

Sullivan comentou a entrevista dada pela conselheira da Casa Branca Kellyanne Conway ao jornalista da CNN Chris Cuomo na quinta-feira (13). A assessora, responsável pela criação da expressão “fatos alternativos” para se referir à imprensa, afirmou que o presidente americano só ficou sabendo em 2018 sobre o suborno pré-eleições feito a Karen McDougal e Stormy Daniel, mulheres com quem Trump teve envolvimento sexual.

O problema é que existe uma gravação de áudio datada de agosto de 2016 em que Trump e seu então advogado, Michael Cohen —preso recentemente por crimes cometidos enquanto trabalhava para o presidente—, discutem um desses pagamentos.

Colegas da emissora têm criticado Cuomo pela entrevista, na qual a assessora da Casa Branca ainda negou que o presidente americano diga mentiras —já foram mais de seis mil até o momento, segundo informações do Post.

Para que situações como essa não se repitam, Sullivan defende que a imprensa deixe de dar fala irrestrita a Trump e seus representantes, pois já está provado que sua palavra não é confiável.
Reproduzir declarações sem uma referência imediata à realidade dos fatos, segundo ela, é entrar na “zona Kellyanne”. “Em uma era repleta de desinformação —e com a democracia americana oscilando em um precipício— esse é o lugar errado para se estar”, conclui.

]]>
0
Mesa discute o papel do conteúdo patrocinado nos novos modelos de negócio das Redações https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/23/mesa-discute-o-papel-do-conteudo-patrocinado-nos-novos-modelos-de-negocio-das-redacoes/ https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/2018/08/23/mesa-discute-o-papel-do-conteudo-patrocinado-nos-novos-modelos-de-negocio-das-redacoes/#respond Thu, 23 Aug 2018 23:38:36 +0000 https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/sesc-material-patrocinado-reduzida-320x213.jpg https://novoemfolha.blogfolha.uol.com.br/?p=8312 Em mesa realizada no dia 16 de agosto, parte do seminário As Novas Configurações do Quarto Poder, organizado pelo Sesc Vila Mariana, jornalistas debateram o tema “Quem É o Patrão do Jornalista?”. Participaram da discussão André Maleronka, editor-chefe da Vice Brasil, Cleusa Turra, coordenadora do Estúdio Folha, e Felipe Gil, diretor de conteúdo da plataforma Gol, na revista Trip.

Para Turra, vivemos em um momento de novas formas de financiar o jornalismo, já que as marcas mudaram a maneira de anunciar. “A Folha de S.Paulo já vinha acompanhando esse movimento das marcas de migrar sua publicidade para outros formatos. Agora as empresas buscam a formação da concepção de marca por intermédio do conteúdo, ou seja, do conteúdo patrocinado.”

Considerando essas transformações na área da comunicação, André Maleronka deu novas perspectivas sobre o mercado de trabalho. “Tem agências de publicidade contratando cada vez mais jornalistas para a produção de conteúdo para marcas. Então acho que é uma maneira alternativa, um outro modelo de negócio pra gente que é jornalista”.

Esse tipo de material foi apontado pelos jornalistas presentes como uma alternativa ao modelo de negócios tradicional. “Agora, nós [jornalistas] temos um novo campo que funciona não só como modelo de negócios, mas também para fazer coisas mais interessantes. Muitas vezes você tem uma disponibilidade de recursos muito maior, quando há uma marca por trás. E se isso pode se tornar algo interessante para seu público, é um serviço que você faz”, defendeu Felipe Gil.

Ao observar essa tendência, Cleusa Turra explica a decisão de separar esse tipo de conteúdo da Redação. “A primeira decisão que a Folha tomou foi: essa área [dedicada a conteúdos patrocinados] não diz respeito ao editorial, pois o jornalismo que a Folha quer realizar não é um conteúdo para as marcas. Por isso, essa nova área está lado a lado com a publicidade.”

Gil apontou o que é necessário para a realização de um bom trabalho jornalístico patrocinado: “o que a gente entende que funciona para as marcas é fazer um conteúdo que realmente respeite os preceitos mais básicos do jornalismo, desde a transparência de indicar que o conteúdo foi patrocinado até a coerência com a visão de mundo do veículo”. E completa que, “se a marca e o veículo se encontram em assuntos comuns, você pode fazer jornalismo de qualidade”.

Turra também comentou a importância da transparência na produção desse tipo de material. “Estando claro para o leitor: ‘este conteúdo foi patrocinado pela marca x’, está no jogo. O que causa estranheza e desaprovação é o leitor ler uma matéria e descobrir por outras vias que aquele conteúdo era patrocinado.”

]]>
0